A força do franco-atirador

Por Gerson Nogueira

O Cametá vem desmentindo todos os palpites neste campeonato. No começo do Parazão, trouxe o iniciante Cacaio para comandar o time e, sem ser o favorito, conquistou o primeiro turno. Sofreu queda de rendimento no returno, dispensou o técnico e contratou Sinomar Naves. Depois de um mês de inatividade, iniciou a decisão na condição de mero coadjuvante e logo no primeiro confronto desbancou o favoritismo do Remo. Por essas e outras, é bom não duvidar do poder de fogo cametaense.
Em muitos aspectos, a começar pelo técnico, o Cametá faz lembrar o Independente campeão do ano passado. Mistura atletas desprezados por clubes regionais com alguns importados. Outro ponto de identificação é a qualidade do meio-de-campo, já ressaltada em outras ocasiões.
A partir da meia cancha, o time reúne jogadores rodados e de boa técnica. Soares, Ratinho, Ricardo Capanema, Paulo de Tarso, Paty e Jailson seriam como titulares em qualquer time do atual campeonato. 
Na temporada passada, quando esteve perto de decidir o título, o Cametá tinha uma dupla de forte ofensividade. Leandro Cearense e Robinho foram responsáveis pela expressiva média de gols da equipe no campeonato. Neste ano, Rafael Paty e Ratinho revivem essa estratégia com excelentes resultados.
Não há mistérios no Cametá. As duas jogadas são bem manjadas, mas extremamente perigosas. Cobranças de falta através de Soares e exploração de bolas aéreas para o cabeceio do centroavante Paty, um especialista nesse tipo de jogada. Outra arma, menos usada, é a chegada de Ratinho em velocidade pelo meio, pegando a zaga inimiga desprevenida.
Quando se dedica a explorar o contra-ataque, como deve acontecer nesta final, o Cametá dispõe de um ponteiro à moda antiga no banco de reservas. Marcelo Maciel, atacante que passou pelos grandes da capital, sabe como poucos aliar rapidez e habilidade.   
O mapa da mina (para os adversários) é a defesa, que sofreu 27 gols em 19 jogos e é a terceira pior do campeonato, abaixo apenas de Águia (31) e Tuna (28). Insegura, a dupla Gil e Arisson exagera nas faltas, fraqueja nas jogadas rasteiras e depende muito da proteção dos volantes Paulo de Tarso e Capanema. Seu desempenho será determinante para a sorte do Cametá na decisão de hoje.
 
 
Nunca, nos últimos quatro anos, o Remo esteve tão próximo do título paraense. Ironicamente, o que se encaminhava para uma consagração em dois jogos se transformou em amargo pesadelo depois dos primeiros 90 minutos. Reverter o prejuízo será tarefa árdua, pois não basta vencer. É preciso superar por dois gols de diferença um adversário que virá com força máxima. O Remo, ao contrário, tem quatro baixas sérias.
Dos prováveis substitutos, o garoto Betinho tem a missão mais espinhosa. Sua responsabilidade é a de dar consistência e organização ao meio-de-campo. Titular ao longo de toda a competição, saiu sob vaias no empate com a Tuna no returno e nunca mais foi o mesmo. Tem hoje sua grande chance de redenção – talvez a última – perante a massa azulina. 
 
 
Levantamento feito pela produção da Rádio Clube indica que, nos últimos 13 anos, o Remo jogou cinco vezes no Mangueirão em dia 13 e se deu muito bem. Conseguiu 3 vitórias e 2 empates, marcou 9 gols e sofreu 4. Os jogos aconteceram em novembro de 2000 (CR 0 x 0 Paissandu), março de 2005 (CR 3 x 1 Ananindeua), novembro de 2005 (CR 2 x 2 Ipatinga), julho de 2007 (CR 1 x 0 Portuguesa/SP) e fevereiro de 2011 (CR 3 x 1 Paissandu). A zagalliana pesquisa é assinada por Sérgio Wilson Japonês e Rodrigo Godinho de Sousa.
 
 
Um dado curioso: neste Parazão, o Remo venceu cinco vezes por dois ou mais gols de diferença, vantagem necessária para conquistar o título estadual. Por coincidência, o Cametá perdeu cinco vezes por dois ou mais gols. São números que não diminuem o grau de dificuldade para os azulinos, mas servem de alento quanto à possibilidade de repetição.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 13)

10 comentários em “A força do franco-atirador

  1. O Papão levou o farelo contra o Nacional! Esteve por duas vezes a frente do placar, mais perdeu por 3 a 2, à meu ver, o resultado foi muito bom para o Roberval Davino ver as peças que tem.

    1 – ponto positivo, Adriano Magrão marcou o primeiro gol. Talvez a simples presença do novo treinador, tenha feito bem ao mesmo.

    2 – ponto negativo, o lateral Jairinho saiu de campo, com suspeita de ter rompido o ligamento do seu joelho direito, uma baixa muito importante para o time, agora o Paysandu terá de correr atrás de dois laterais esquerdos ao invés de um.

  2. Que me perdóe os amigos, Siqueira, Antonio Oliveira, Valetim, Falconni, Jaime, Anderson e tantos outros deste Blog.
    O amigo Claudio apesar de remista, lhe considero imparcial e que o amigo fique sabendo que o FL em nada será culpado pela perda deste titulo.

    Pois é amigos não me levem a mal, mais meu coração bicolor não me permite querer ver o remo campeão, por isso amanhã vestido com a goloriosa camisa do papão, vou assistir na tv e torcer pelo Cametá pra que ele seja o campeão do Pará.

    Mas que vença o melhor.

    Fazendo uma analise independente de paixão clubistica, acho que o jogo tem tudo pra ser empate amanhã.
    Se o Remo viesse completo não tenho duvidas que seria o campeão, mas desfalcado não vai superar o Cametá.
    O Cametá nunca imaginou que podesse ter uma certa facilidade pra ser campeão, mas depois do 1° jogo, sairam fortalecidos e crentes que podem sim ser campeões.
    Não deram pro primeiro jogo o valor que merecia, por isso o mapará cresceu e dificilmente perderá o titulo.

    Pará: Cametá campeão.
    Rio: Botafogo campeão.
    São Paulo: Santos tricampeão.
    RS: Internacional campeão.
    MG: América campeão.
    Paraná: Atlético campeão.

  3. Ano passado Paysandu levou pra final 27 mil torcedores, será que dá pelo menos 20 mil hoje?

    Perdendo o titulo será o maior vexâme da dupla Re-Pa, já que ano passado, o Paysandu jogou uma em Tucuruí e o Remo vai perder os titulo jogando as duas em Belém.

  4. Triste constatar a falta de profissionalismo de Diego Barros, Betinho e Jaime, que na Terça estavam jogando uma pelada bem animada e comendo churrasco no campo do Condomínio Água Cristal. Véspera de decisão ? Absurdo TOTAL !

  5. Amigo André eu também palpitei empate, primerio via twitter 1×1 que acho que é o que vai ser.talvez 1×0 Cametá, mas postei no Palpite oficialmente 0x0.
    Quanto a jogadores a maioria que jura amor eterno a um clube e desrespeita oa advesários como esse sr.Diego Barros fazia com o PAPÃO , são os que menos se importam com a dor e tristeza da torcida.Renato gaucho foi comemorar com os jogadores do Flamengo em 92 depois do primeiro jogo em que jogando pelo Glorioso pedeu p/ o rubro-negro, pela decisão daquele ano.Ou seja quem sofre mesmo é o torcedor,duas vezes.Pela perda e por ver o jogador ser tão volúvel.
    Renato se defende dizendo que foi pagar uma aposta, mas essa aposta deveria ser paga após os dois jogos.Por isso a diretoria do Fogão na época afastou o jogador.

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