Por Gerson Nogueira
O mundo do futebol voltou a ser sacudido pelas notícias de envolvimento de árbitros em esquemas criminosos. Um dos casos envolve um apitador chinês do quadro da Fifa, que embolsou algo em torno de R$ 450 mil para arrumar resultados durante amistosos (imagine!) do Manchester United no país. O outro é Djalma Beltrami, ex-árbitro, que foi preso sob acusação de receber propina de traficantes cariocas.
Sempre que surgem essas histórias fica a impressão de que o futebol é uma espécie de terra sem lei, campo aberto para a corrupção. Não é bem assim. A atividade, que virou um negócio cada vez mais lucrativo para alguns, está obviamente na alça de mira dos criminosos como tudo que movimenta dinheiro.
Cabe aos órgãos fiscalizadores tomar as devidas cautelas, acompanhando a vida extra-campo desses profissionais e não menosprezando suspeitas que muitas vezes nascem de marcações polêmicas. Beltrami, denunciado na condição de comandante militar no Rio e que no futebol não sofreu até hoje nenhuma acusação formal, foi personagem central de decisões no mínimo controvertidas em torneios importantes.
Como aquele Goiás x Corinthians que rebaixou os corintianos para a Série B, com direito a repetições da cobrança de pênalti para o time da casa. Ou, ainda, a anulação do gol (legítimo) de Dodô na final carioca de 2007, entre Flamengo x Botafogo. Além de invalidar o lance, Beltrami ainda expulsou o botafoguense, causando grande confusão no final da partida, vencida nos penais pelo time rubro-negro.
Não há como provar que tais jogos tenham sofrido interferência desonesta por parte do apitador, visto que situações confusas fazem parte da própria natureza da arbitragem, quase sempre detonada pelos perdedores. Aparentemente, foram erros normais, daqueles que vivem a se repetir pelos campos brazucas. Mas é justamente aí que mora o perigo. Por isso, defendo que a repetição de erros graves seja atentamente observada pelas comissões de arbitragem, cuja existência não deve se resumir a treinamentos e escala de profissionais.
Árbitros e seus superiores devem entender que andam sempre no fio da navalha e que, por via das dúvidas, precisam se submeter ao ônus da cobrança permanente, até para que sejam inocentados e permaneçam inatacáveis. Afinal, diz a velha máxima, à mulher de César não basta ser honesta – tem que parecer honesta.
O Paissandu, meio na surdina, promove um desmanche do elenco que fracassou na temporada 2011. Jogadores que não conseguiram levar o clube ao título estadual e ao acesso à Série B começam a tomar outros rumos. Pelo que se sabe, meio time já está fora da Curuzu. Fávaro, Sidny, Leandro Camilo, Fábio Gaúcho, Claudio Allax, Vanderson, Daniel, Robinho, Tiago Potiguar e Rafael Oliveira não devem integrar o grupo para as competições de 2012. Dos titulares das últimas partidas na Série C, Héliton é a solitária exceção a permanecer no clube. Tamanha sangria tem lá seus motivos, mas gera sérias dúvidas quanto ao papel do time no Parazão que se aproxima.
O empate do Remo com o Nacional de Manaus, ontem, no Baenão, deixou os torcedores ainda mais cheios de pontos de interrogação quanto à verdadeira força da equipe montada para o certame estadual. Algumas estréias (Felipe Baiano, Balu) deixaram a desejar e outras não mostraram o necessário entrosamento. Fica a quase certeza de que, pelo menos no começo, Sinomar vai se valer do futebol das pratas da casa.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 22)
Curtir isso:
Curtir Carregando...