Por Gerson Nogueira
Não adianta nem discutir, é fato. Depois dos jogos das semifinais do Mundial de Clubes, o favoritismo do poderoso Barcelona só aumentou. Não pelo placar mais tranqüilo que o do Santos, mas pela facilidade com que a turma de Guardiola conseguiu envolver o Al Sadd, tão limitado quanto o Kashiwa, que atazanou a vida do sistema defensivo de Muricy. E os espanhóis ainda se deram ao luxo de usar um mistão, poupando alguns titulares.
Por outro lado, se a vantagem do Barcelona é evidente, todo o pessoal que acompanha o Círio sabe que o futebol é o mais surpreendente dos esportes justamente por ser o mais suscetível aos caprichos do imponderável.
Há, ainda, o exemplo eloqüente do Internacional para não deixar nenhum santista jogar a toalha antes da hora. Com um time limitado, cujos maiores destaques eram os veteranos Iarley e Fernandão e o garoto Alexandre Pato, o Colorado se fechou na defesa e encaixou o contra-ataque perfeito para desmontar um Barça que era superior em quase tudo.
A história recente tem a mostrar também o caso do São Paulo contra o Liverpool. Gherard e companheiros tiveram que se dobrar à raça de Mineiro & cia. De quebra, Rogério Ceni teve a felicidade de fazer naquela noite a maior atuação de sua carreira.
Nas duas situações, a raça e a vontade de vencer fizeram a diferença. Não se trata de desinteresse europeu pela taça, mas é inegável que os brasileiros lançam-se com mais arrojo à disputa. Para os gringos, a Champions League vale bem mais. Para os sul-americanos, o Mundial é o topo. Em jogos sempre marcados pelo equilíbrio, esse estado de ânimo pode fazer a diferença.
No Santos, ao contrário daqueles times de Inter e São Paulo, a força ofensiva é o principal trunfo. Não é acostumado a jogar retrancado, nem tem uma defesa suficientemente cascuda para esse tipo de estratégia. Pode-se dizer que a melhor arma defensiva do Peixe é Muricy Ramalho, um especialista em armar retrancas.
Ocorre que Neymar, Ganso, Borges e Danilo, principalmente, são jogadores talhados para atacar. Influenciados por eles, os demais jogadores também são impelidos a ir à frente. Difícil imaginar o Santos acuado, esperando uma brecha para dar o bote. É até mais provável que, pelas características das equipes, que o Barcelona use o recurso do contra-ataque – como fez, com sucesso, no último sábado contra do Real Madri.
Os dados estão rolando e as possibilidades do Peixe dependem da capacidade de evitar o cerco e a infernal troca de passes que Messi, Iniesta, Fábregas e Xavi fazem por música, o que não é fácil. Caso Muricy consiga parar o meio-campo espanhol, Neymar e Ganso terão liberdade para explorar o jeito meio estabanado da dupla de zaga Piqué e Pujol.
Na expectativa da final entre Barcelona e Santos, a empresa de consultoria Pluri informa que Messi e Daniel Alves têm valor equivalente a todo o elenco santista, incluindo Neymar – que ganha menos os quatro maiores astros do Barça. O confronto de domingo colocará frente a frente o 1º e o 27º times mais valiosos do mundo.
O cálculo se baseia no somatário do valor de mercado dos jogadores de cada clube. Em resumo, o Barça vale hoje R$ 1,49 bilhão e o Santos chega a R$ 332 milhões. Como nas propagandas políticas do passado, pode-se dizer que será o jogo do bilhão contra o milhão.
Por relaxamento ou indecisão, o Paissandu ainda não conseguiu definir um treinador. É o único time sem técnico entre os oito que disputarão o Campeonato Estadual.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 16)
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