Por Carlos Mendonça (*)
O desmembramento de Macapá, de Roraima, de Rondonia comprovaram que dividir, não tráz progresso. Além do que, aquelas divisões não foram feitas nesta nossa época do “se dar bem”. Conscientemente foram quotas de sacrifício. O objetivo era proteger o território nacional, para o Brasil (ao contrário de separá-lo do Brasil, como a Raposa Serra do Sol e outras), entregando à União Federal, primeiro como Territórios Federais e depois como Estados, quando jamais desenvolvidos, aqueles pontos totalmente despovoados de nossas fronteiras. Quanto À parte que nos toca, Macapá, mesmo esgotando o manganês da Serra do Navio, experimentou com a separação, apenas na capital, desenvolvimento menor do que Santarém, ou Castanhal, ou outras cidades. Assim mesmo, graças à Zona Franca do Sarney.
O desenvolvimento do Pará deve ser entendido como uma evolução harmoniosa e feliz, apropriada para a nossa região especial. O padrão da satisfação do povão com a vida que leva, pode ser constatado na ausência de correntes migratórias de miseráveis ou carentes, para se aventurarem nas outras regiões, ao contrário dos nordestinos, mineiros e baianos e agora gaúchos, os atuais taxistas e sub-empregados no Rio, São Paulo e outras cidades. Somente paraenses em boa situação econômca e aposentados (raros, assim mesmo) ousam viver no Leste, mas logo voltam. Doutores interioranos do Baixo-Amazonas e Tocantins especializam-se em São Paulo e retornam na proporção de 90%. Sinal da boa vida que o Pará lhes oferece.
Dividir será entregar aos desmatadores forasteiros que estão por trás e pela frente do movimento, a faca e o queijo. Dentro em pouco, desejarão fazer o mesmo no Estado do Amazonas. Transformar ricos territórios em terras que nem são capazes de contê-los, como seus Estados natais.
Árvores adultas devem mesmo ser exploradas, antes de envelhecerem e caírem podres. A exploração de nossos recursos vegetais vem sendo feita desde remotas eras, de maneira tão apropriada e proveitosa, que nós nem percebemos. Grandes e famosas serrarias em Belém, Santarém, Óbidos, Alenquer, Castanhal e outras eram uma prova disso. As residências de madeira, tão fescas e ecológicas dos antigos bairros do Marco, Pedreira, Jurunas e do interior, demonstram seu bom aproveitamento. Legiões de trabalhadores ganhavam seu sustento com a atividade. As madeiras mais grossas, separadas umas das outras pela floresta virgem eram derrubadas e transportadas em caminhões, para serem serradas. Sem comprometer a bio-diversidade.
A primeira obra da devastação, promovida pela economia desmatadora forasteira, aconteceu nos castanhais do rio Tocantins. O extrativismo, a colheita e venda da castanha até e principalmente para a Inglaterra, foi substituída pela derrubada e queimada indiscriminada dos castanhais. E de sua substituição pelos capinzais. O que era a economia de uma população, com a colheita e transporte, pois os castanhais eram do Estado do Pará, passou a ser economia de poucos fazendeiros. Lembram-se das castanheiras? Das mulheres que trabalhavam nas grandes fábricas de descascar castanha no bairro do Reduto? Desapareceram… Restam somente as paredes das fábricas e das tecelagens.
Dever de honra é esclarecermos nossos eleitores.
(*) Magistrado aposentado da Justiça do Trabalho, santareno e paraense.
(Transcrito do blog O Mocorongo, de Ércio Bemerguy)