
O jogo foi igual a tantos outros do Paissandu no campeonato deste ano. A diferença é que confirmou uma espécie de maldição. O clube está condenado a ficar na Série C pelo sexto ano consecutivo. No estádio de Goianinha, ontem, velhos pecados se manifestaram, como a coroar todas as lambanças praticadas ao longo da campanha.
Nenhum sinal de organização tática, defesa cambaleante, meio-de-campo pouco criativo e ausência de agressividade nas ações de área. O engraçado é que, apesar de todos esses problemas, o Paissandu podia estar a essa altura festejando a classificação. Desfrutou de circunstâncias favoráveis, mas não soube aproveitar.
O América foi senhor absoluto no primeiro tempo. Um cochilo da defesa permitiu que marcasse logo aos 9 minutos. Depois disso, ocupou bem os espaços, marcou em cima e continuou resoluto no ataque, chegando ao segundo gol antes dos 30 minutos em contragolpe fulminante. Como é quase praga em escores de 2 a 0, o time se encolheu na etapa final.
Assustou-se visivelmente depois da tosca falha do goleiro, que presenteou Rafael Oliveira com uma saída em falso. Foi o momento mais favorável ao Paissandu. O América cedeu espaços na meia cancha e quase desistiu do ataque. Lá pelos 30 minutos, o técnico Flávio Araújo ainda tirou o criativo Mazinho e lançou o volante Fabinho, dando toda a pinta de que queria se fechar para garantir o placar.

Só escapou de tomar o gol de empate porque o confuso setor de criação do Paissandu não sabia o que fazer com a bola. Aliás, ao longo dos 90 minutos, o ataque chutou cinco bolas em direção ao gol de Fabiano, duas delas para fora.
Toda a pressão vista no segundo tempo se limitou a cruzamentos sem direção, destinados a consagrar o trio de beques do América. Rafael Oliveira e Héliton pareciam acometidos de bloqueio para chutar. Pode-se dizer que a bola do acesso esteve com Potiguar aos 41 minutos, mas ele cruzou toscamente nos pés de um zagueiro.
O pênalti, cometido por Vânderson e desperdiçado por Vanderlei, ainda podia ter funcionado como último impulso para a reação, mas o Paissandu continuou lento e atrapalhado. Os jogadores até corriam, mas não era o bastante. Sobrou disposição, mas faltou talento. O América, mesmo sem brilho, mereceu mais.

Ainda em Goianinha, o presidente do Paissandu tratou de eleger um culpado pela campanha desastrosa. Para Luiz Omar, o vilão da hora é o técnico Roberto Fernandes, que “indicou jogadores caros para formação do elenco”. Mais ou menos como aconteceu em 2009, com os atletas acusados de corpo, e em 2010, com o ex-capitão Sandro. Pelo visto, LOP acha que o presidente nada tem a ver com o terceiro fiasco de sua gestão.
Torcedores, conselheiros e beneméritos da Tuna reagiram com irritação à decisão do presidente Fabiano Bastos de ceder as instalações do clube para comício dos grupos que defendem a divisão do Pará, no último sábado. Os associados, ligados à colônia portuguesa, alegam que os estatutos proíbem manifestações de cunho político-partidário dentro das dependências da Cruz de Malta.
Os minutos jogados ontem em Goianinha podem ter sido os últimos de Tiago Potiguar com a camisa alviceleste. Desgostosa com sua queda de rendimento, a diretoria já negocia a transferência para o Atlético-PR. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 21)
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