Por Daniel Malcher (malcher78@yahoo.com.br)
Entra ano, sai ano, e a questão que se impõe a nós torcedores e à imprensa esportiva do Pará a cada insucesso de nossos clubes de futebol é: qual o modelo, a fórmula ou o passe de mágica necessário para que nossos times tenham sucesso nas divisões inferiores do Campeonato Brasileiro de Futebol? “Planejamento” – palavra banalizada pelos pseudo-teóricos do futebol por sua utilização corriqueira para explicar derrotas ou vitórias –, “time e treinador de Série B” com jogadores e comissão técnica de alto custo, treinadores regionais e que “conhecem nossa realidade”, sorte ou mesmo mágica não respondem – e tampouco responderam –
tal questionamento. Por outro lado, a incompetência administrativa, o provincianismo, os egos inflados e uma total ausência de coerência dos gestores e que via de regra separa por uma linha tênue o exato momento de agir da simples e ignóbil omissão respondem por uma certeza: a do fracasso iminente.
LOP recentemente tirou um coelho da cartola para tentar debelar o caos que se instalou na Curuzú após o revés na terra dos seringais, e tal sacada abalou as estruturas de sepulcros e tumbas egípcias, tamanha a obra de ressurreição: a contratação de Édson Gaúcho, treinador que por aqui esteve em 2009.
Não sou fã dos métodos, das abordagens e da filosofia de trabalho do treinador gaúcho. Embora tenha um perfil disciplinador, seus times, a meu ver, são mal treinados – como a maioria das equipes brasileiras, mesmo as que postulam na atual Série A, diga-se – e o treinador é mais um dos acometidos pelo “Mal de Caçarola”, ou seja, a popular “panelinha” ou “panelada”, privilegiando jogadores indicados por ele ao invés de jogadores que atravessam melhor fase técnica (ou alguém aqui esqueceu que o dito treinador privilegiava bondes como a dupla de zaga Roni e Luciano e descartava o melhor zagueiro do elenco, o ótimo Rogério Corrêa, egresso do Remo?).
Assim, podemos dizer que a diferença básica entre o embromador Roberto Fernandes e o turrão Édson Gaúcho são suas condutas fora de campo: se Fernandes é um bom orador, um autêntico relações públicas de fala compassada e convicções firmes e aparentemente coerentes e convincentes – mas suas escalações e preferências desmentiram tal aparência –, Gaúcho é o sargentão no melhor estilo cavalo de polícia, célebre por suas patacoadas contra torcedores, imprensa, diretores, jogadores ou qualquer um que atravesse seu caminho num dia de mau humor elevado mesmo num belo e ensolarado dia de verão.
Mesmo tendo que ser condescendente com o bombeiro da ocasião caso um revés se cristalize no domingo vindouro, afinal, Gaúcho não terá culpa de nada ou no mínimo será o menor dos alvejados pelos estilhaços da granada, sua contratação para salvar a nau é um indicação clara e irrefutável de que nossos dirigentes entraram num círculo vicioso e de extrema falta de criatividade e idéias. Édson Gaúcho é tão ou mais limitado que Roberto Fernandes. Conceder a Gaúcho a condução de um “projeto” – outra das inúmeras palavras desgastadas pelo corolário futebolístico local – para 2012 soa como acinte às cabeças pensantes ou, para ser mais suave na crítica, a repetição irresponsável de erros do passado e do presente. E a indagação que faço no início deste texto e que aflige a nós torcedores, imprensa e aficcionados em geral permanece sem reposta. No entanto, episódios como o sorteio de passagens aéreas em Rio Branco, os altos salários – embora alguns não sendo pagos – a jogadores improdutivos e sem a mínima estratégia de captação de recursos e dependente de bilheteria assim como a ausência de dirigentes no aeroporto da capital acreana para resolver o imbróglio das passagens aéreas para a equipe e comissão técnica reforçam a assertiva relacionada ao insucesso.
Futebol paraense… o fim se avizinha, pois já estamos além do fim do poço. Acho até que o nosso futebol foi o primeiro a conhecer e a andar pelas bandas do pré-sal.
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