Por Luciano Martins Costa, do Observatório da Imprensa
Foi mais ou menos como num jogo de futebol: o zagueiro encosta no atacante, o atacante se atira dentro da área, rolando, se contorcendo, na esperança de que o árbitro apite um pênalti. Mas as câmaras são soberanas. Elas mostram que o zagueiro mal tocou no centroavante, que o atacante se atirou, que não está machucado, que está simulando. Ainda assim, alguns narradores gritam: “Pênalti!”. E no dia seguinte, os analistas vão bater boca o dia inteiro: foi, não foi, o juiz acertou, o juiz roubou.
Na cena reproduzida pelo Jornal da Record, o candidato José Serra vem caminhando, sorridente, pela rua do comércio de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. Vem cercado de correligionários e seguranças. Mais adiante, seu caminho está bloqueado por uma passeata de petistas, que podem ser identificados por suas bandeiras vermelhas.
A comitiva do candidato oposicionista segue na direção dos adversários, arma-se um rápido entrevero, no qual um petista é agredido por três acompanhantes do candidato Serra, que está abrigado à porta de uma loja.
Apartam-se as brigas, Serra retoma a caminhada.
Então, alguma coisa o atinge na cabeça.
Pela câmara da TV Record, observa-se que o candidato apenas passa a mão na cabeça, constatando que não está ferido. É levado, então, por seus acompanhantes para um hospital.
Corta para o médico que o atendeu. A frase é clara: ele não tem nem um arranhão. A reportagem esclarece: o candidato foi atingido por um rolinho de plástico, um desses adesivos de campanha amarrotado.
Agora, a mesma cena no Jornal Nacional, da TV Globo: tudo quase igual, exceto no momento em que José Serra é atingido. Substitui-se, então, a imagem em movimento, que mostra apenas um susto da vítima, por uma fotografia, tirada de cima para baixo, de efeito muito mais dramático.
Quando chega o trecho da entrevista do médico, sua voz desaparece e em lugar da versão oficial do hospital entra o locutor, que apaga a informação de que o canditado não sofreu sequer um arranhão e a substitui por uma versão mais grave. A encenação se completa com o candidato sendo entrevistado, sob uma tensa luz azulada, com olhar de vítima.
Simulando uma contusão
O episódio, condenável sob todos os aspectos, deve, no entanto, ser visto como resultado da irracionalidade e radicalização da campanha eleitoral.
Mas as versões apresentadas pela imprensa merecem uma análise à parte.
Uma curiosidade: quem teria descido do Olimpo global para comandar a edição de tão importante reportagem? Que critérios do manual de ética e jornalismo da Rede Globo foram brandidos para justificar a transformação de um episódio banal, mais do que esperado no ambiente de conflagração que os próprios candidatos andaram estimulando, em uma crise republicana?
As evidentes diferenças nas edições do Jornal Nacional, muito mais dramático, e do Jornal da Record, que tratou o episódio com mais naturalidade, sem deixar de condenar os excessos de militantes, têm a ver com jornalismo ou com engajamento eleitoral?
No boletim online do Globo, distribuido às 14h18 da quarta-feira, “Serra é agredido durante enfrentamento de militantes em ato de campanha no Rio”.
Na edição de papel, primeira página do Globo, “Serra é agredido por petistas no Rio”. No complemento, a informação alarmante: por orientação médica, o candidato cancelou o resto da agenda e submeteu-se a uma tomografia num hospital da Zona Sul.
Título na primeira página do Estadão: “No Rio, petistas agridem Serra em evento”.
Na Folha, em foto menos dramática, “Serra toca local em que foi atingido por um rolo de adesivos…”
Quanto pesa um adesivo de campanha enrolado? Cinco, dez gramas?
E a tomografia? É resultado da conhecida hipocondria do ex-governador ou parte da estratégia para transformar um episódio grotesco e banal em atentado político? Como uma bolinha de papel, dessas que os alunos atiram uns nos outros nas salas de aula, poderia virar motivo de comoção nacional?
Em seu artigo na edição desta quinta-feira [21/10] da Folha de S.Paulo, a colunista Eliane Cantanhêde transforma o projétil de papel em “bandeirada” na cabeça e afirma que José Serra, literalmente, apanhou na rua. Quanto vale um jornalismo dessa qualidade? A chamada grande imprensa perdeu completamente as estribeiras.
No Twitter, Zé Serra ganhou apelido “serrarojas” em referência ao célebre episódio do goleiro chileno Roberto Rojas, goleiro da seleção chilena que fingiu ter sido atingido por um sinalizador no jogo da eliminatórias entre Brasil e Chile em 1989, atirado pela Fogueteira. A Fifa baniu o goleiro do futebol e o Chile foi suspenso de competições internacionais. Rojas se auto-flagelou cortando-se com uma gilete para simular um ferimento. É o caso de chamar a Fifa no lugar do TSE. Pelo menos nesse tipo de situação, ela é mais rigorosa com os farsantes.
No alto de minha inteligência, prefiro abster-me de tecer qualquer opinião conclusiva.
O mesmo deveriam fazer todos que não puderem comprovar e provar o que realmente aconteceu.
O partidarismo faz com que se enxergue as coisas conforme conveniência.
Até de “baixo” de minha burrice fica evidente a farsa. Não opinar sobre isso já é tomar uma posição … sacana !!!!! Nesse caso, o silênio é també e claramente uma conivência com o engodo !!!!
Com relação ao JN não se pode esperar outra coisa. É assim mesmo que a “grande” mídia funciona. É mais uma “edição de debate”.
É um artista.
JA QUE A GLOBO QUER TANTO TRANFORMÁ-LO EM VÍTIMA, DEVERIA CONTRATÁ-LO COMO ATOR.
De terror!
Egua do ator de filme de terror, mais de estilo trash! Nunca vi, tanto sinismo em uma pessoa e, ainda aparece um médico contratado, pelo mesmo para dar o parecer de que, à suposta pedra que não era pedra, causou uma forte dor de cabeça, mais sem causar nenhum enchaço na area atingida. Te dizer, votem nele! Pois ele merece e, o povo também este traste.
PT NELES!
Não. André, não diga isso. O povo brasileiro não mecece essa decadência política. Tanto assim que o fulano vai ser derrotado!!!
Gerson,acusar sem provas é leviano tanto para um jornalista quanto para um reles presidente da república!
É, pode ser, Fernando. Mas que é feio apelar desse jeito para ganhar votos, ah isso é. Em Campo Grande ou em Baião. Aliás, lá a gente chama esse tipo de presepada de desespero.
E em Mosqueiro é chamada de lambaça, marmota safada!!!!
Caro Gerson, você diz:
“A Fifa baniu o goleiro do futebol e o Chile foi suspenso de competições internacionais (…). É o caso de chamar a Fifa no lugar do TSE. Pelo menos nesse tipo de situação, ela é mais rigorosa com os farsantes”.
Eu lhe peço licença para dizer:
O seu ímpeto de banir o candidato oposicionista do pleito talvez seja desnecessário. Se as pesquisas não forem como as do primeiro turno, a dilma leva esta com alguma tranquilidade.
Gerson, até o dia da votação em segundo turno muita coisa ainda vai acontecer.
A mídia (Globo, Folha de São Paulo e Veja), vai fazer de tudo, mas tudo mesmo para que José Serra seja eleito.
Só espero que seja realmente feita a vontade do povo e que Dilma seja eleita para dar continuidade ao trabalho de Lula, o melhor presidente que este país já teve.
Também vejo com preocupação, amigo Antonyo, esse claro aparelhamento da velha mídia em torno de seu candidato preferido. O que o Jornal Nacional fez hoje em torno da bolinha de fita crepe foi constrangedor. Nunca imaginei que um factóide pudesse merecer tantos minutos no principal telejornal do país.
HÁ GENTE mais poderosa por trás disso tudo. O que esperar de um império de comunicação que se impôs com apoio de capital norte-americano? O PATRÃO mandou servir uísque na feiojada…
A propósito: quando o Sindicato dos Jornalistas do Pará vai cobrar (junto à Assembleia Legislativa) a discussão de projeto de lei para criação do Conselho de Comunicação Social no Estado?
A Assembleia Legislativa do Ceará já aprovou o seu, no dia 19. Só está dependendo da sanção do governador.
Os donos da velha mídia, claro, estão em polvorosa. Estão todos muito assanhados!!! Como previsto Globo, Estadão, Folha e blog comprometidos com o modelo atual de comunicação social no Brasil estão bombardeando!!!
Adoro a imparcialidade!!!
De quem? da Veja, do Estadão ou da Globo?
A old FIFA não existe mais. A new FIFA tem outros comportamentos, principalmente morais Com politicos e assemelhados a FIFA saberia como agir não desagradando ninguem. Na politica e no futebol temos a FIFA que merecemos.
Outro míssil já está em condições de ser acionado para no dia 31 fazer um grande estrago e eliminar de vez este mal chamado DILMA Má. Atentem.
Pesquisa BERLLI
DILMA Má 52% —– SERRA 48%. Somente votos válidos.