Um tucano nas cordas

Por Lauro Jardim (revista Veja)

O último Datafolha, que praticamente apontou a vitória de Dilma Rousseff no primeiro turno se as eleições fossem hoje, mandou José Serra violentamente às cordas do ringue. Justamente quando se inicia o período mais explosivo da campanha, com a entrada em cena dos programas de televisão, Serra terá que lidar com o desânimo de aliados, descrentes de uma virada. E com a mão fechada dos doadores de campanha. Essa turma, naturalmente, passa a não atender mais telefonemas dos tesoureiros de campanha. É uma quadra complicada.

Os ventos das próximas semanas, que carregarão no ar os programas de tevê dos candidatos, podem levar novas más notícias para Serra.

Por que? A própria campanha de Serra avalia internamente que os efeitos de suas aparições na televisão só farão efeito a partir do dia 8 de setembro. Daqui a três longas semanas, portanto. Ou seja, Serra só voltaria subir depois dessa data. Como administrar as expectativas dos aliados e eleitores neste período? Haja sangue frio.

Na briga eletrônica Serra tem de saída duas desvantagens. Uma é incontestável e pode ser medida em minutos: Dilma tem mais tempo de tevê do que ele. A segunda desvantagem relaciona-se ao cabo eleitoral. Serra é o maior cabo eleitoral dele mesmo. Para seduzir o eleitor conta com sua trajetória. É a mais completa e consistente entre os candidatos, mas no jogo eleitoral este não é o único atributo que conta.

Dilma, por sua vez, é carregada nos ombros do maior cabo eleitoral do país. Um apoiador de peso que já a puxou do traço nas pesquisas para os 41% das intenções de votos. Dilma só tem o que se beneficiar com Lula todos os dias na tela da televisão, com a câmera o mais possível fechada nele, pedindo votos para ela.

O desafio de Serra a partir de agora será convencer o eleitor de que a parada não será definida no dia 3 de outubro. Seu objetivo número 1 passa a ser o de levar a eleição para o segundo turno.

29 comentários em “Um tucano nas cordas”

  1. Agora que vai vir a carga pesada da cavalaria. Globo, Estadão, Jovem Pan, Veja e os menores da vil estirpe, desmoralizados pelo “ex-poste”, descarregarão todas suas iras. Mas, o povo brasileiro resistirá. E bravamente! Vamos acabar com esse jogo já no 1º turno.

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  2. Nos próximos dias teremos em redes o mais pastelão de todos os programas humorísticos da televisão brasileira, o Horário do TRE.
    Criado com a itenção de evitar abusos de propaganda eleitoral à serviço do poder economico de certos candidatos, essa licença democrática, desvirtuou-se. É duro pensar que teremos de chamar de V. Excia, S; Excia (dependendo do momento) a alguns “valores” que diariamente desfilarão no video. Pior ainda é ter que admitir que por escolha democrática serão representantes de um povo que merecia e merece coisa melhor.
    Num rápido momento (do voto) o cidadão brasileitro poderia contribuir em muito para mudar as coisas neste país.

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    1. Não se muda um país apenas pelo voto. A verdadeira mudança se dá pela luta concreta do dia-a-dia. Com a nossa participação nas entidades da sociedade civil organizada. Nos conselhos de politicas públicas. Nas associações de moradores. Como empreendedores de projetos sociais – voltados para o combate às desigualdades econômicas e sociais.
      Um exemplo: o que estão fazendo os Conselhos Tutelares? Se houvesse uma ação articulada, não haveria – por certo – crianças nas ruas pedido esmola.

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  3. Vai começar o Horário Eleitoral (sessão gargalhadas) comtanto mentiroso que vai mostrar sua cara cheia de Óleo de andiroba na TV (infelizmente).

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    2. Fazer chacota da oposição? Rir dos adversários motivado, provavelmente, pela subida de Dilma Rousseff nas pesquisas?Ora, mas que falta de respeito. Um absurdo! Era só o que faltava depois de uma campanha antecipada flagrantemente ilegal e de um aparelhamento da administração pública estratosférico, que gera o uso da máquina na campanha. Haja salto alto! Haja arrogância! Haja prepotência! Como eleitor, me irritei. Sinceramente. Imaginem o que diriam os petistas de Fernando Henrique se ele risse da oposição em 1998. Eu, particularmente, voto Marina Silva .Contudo, com essa soberba começo a ter uma pontinha de vontade de votar em Serra.A vitória dele provaria ao PT que não se ri antes da hora.Ainda mais dessa forma desrespeitosa para com o processo democrático brasileiro e, principalmente, para com o eleitor.

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      1. Carlos Silva, no primeiro momento pensei na Marina também, mas se esta alavancar, o que eu acho difícil, mantenho, caso contrário já começamos a mudar o quadro votando no Serra e assim, tenho certeza que muitos pensarão. Tá no gatilho, basta definir a direção.

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    3. Se não houver voto não haverá sociedade civil organizada. Se o voto ajuda pouco, passarei a fazer campanha pelo voto NULO .
      na certeza de estar contribuindo para viver 24 horas de demiocracia, todos os dias.

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  5. De virada é mais gostoso. Quando a arrogante começar as tentativas de querer explicar seus “projetos” aí a sessão comédia ficará mais atraente. Seria um clássico que nem de graça assistiria, mas a devido a audiênca da peruquenta e os tropeços previstos, vale a pena acompanhar. Quanto ao serrrano, outra cabeça de fósforo queimada, resta ver acionar o rolo compressor gradativamente.

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  7. Que espécie de gente serão esses 5% que não acham o governo Lula nem ótimo nem bom? Eles podem ser:
    1- Pessoas que acreditam que a democracia não é apenas o governo das maiorias, mas também e principalmente o que não discrimina as minorias e as respeita, garantindo seus direitos constitucionais de manifestação e expressão.

    2- Pessoas que não concordam que a atual política externa seja responsável, altiva e independente, mesmo que os outros 95% achem isso.Elas têm todo o direito de achar que é uma política aventureira,irresponsavelmente jactanciosa, longe das tradições da diplomacia brasileira, e afastada de seus valores básicos, que sempre foram os de não apoiar regimes de exceção, autoritários e ditatoriais.

    3- Pessoas que acreditam que o atual ciclo de crescimento do País não começou com um estalar de dedos de um ser divino e providencial,mas é resultado de um processo que teve início em governos que se dedicaram a implantar os fundamentos de um crescimento sustentado, fundamentos esses que foram incontestavelmente assimilados, respeitados e mantidos, apesar das promessas – ou ameaças -em contrário.

    4- Pessoas que acreditam que a ética e a honradez na política são valores que não podem ser desprezados.

    5- Pessoas que sabem reconhecer que a divergência de idéias faz parte do processo democrático e são contrárias a qualquer tipo de controle da liberdade de imprensa e da liberdade de expressão.

    6- Pessoas que acreditam que a melhora dos índices sociais,a melhor distribuição de renda, o acesso de todos a uma educação de qualidade, não precisa ser feita através da instituição de um tipo reverso de discriminação social e racial, que institua o rancor e o ódio entre pessoas,grupos étnicos e classes sociais,separando em vez de unir a Nação.

    7- Pessoas que acreditam que todos são iguais perante a lei e que ninguém está acima dela, e que, portanto, ninguém pode transgredi-la impunemente.

    8- Pessoas que acreditam que debochar das instituições é um mau exemplo e uma agressão à democracia, principalmente quando parte de quem é responsável pela salvaguarda dessas instituições.

    9- Pessoas que acreditam que a popularidade do presidente da República é um indicador inequívoco de apoio popular, mas que não acreditam que isso seja uma franquia para ultrapassar os limites da lei.Um presidente não pode tudo, ao contrário do que achava Richard Nixon.

    10- Pessoas que acreditam que o presidente da República é um magistrado, e como tal deve comportar-se durante todo o tempo de seu mandato, inclusive durante uma campanha eleitoral.

    São valores mais ou menos básicos, simples e fundamentais, mas possivelmente tão exóticos, nos dias de hoje, que só seja possível encontrá-los entre esses estranhos 5% de brasileiros.Pode até ser que não sejam pessoas “em fase de desespero diante das últimas pesquisas da campanha eleitoral”, mas gente tão normal e digna quanto os outros 95%.

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  8. Por falar em tucano nas cordas, Gérson, O LIBERAL desse domingo veio com overdose de Amaro Klautau. Foto na coluna social, notinha em coluna especializada e nota grande na página de esporte. Na nota paga, Amaro descarrega seu ódio a um conhecido jornalista, por ofender a justiça e ao Clube do Remo por conta da “balela” do leilão do Baenão e dos passivos do clube. Uma nota digna de homem de coragem, como afirmou. Só não teve coragem de afirmar o nome do dito jornalista. Diante da tanta overdose de acusações e auto-promoção, fiquei a perguntar aos botões: Seria esse jornalista, um caboclo de Baião blogueiro? Por quê tanto investimento auto-promocional? A nota foi paga do bolso do dirigente acusador ou do clube que dirige? Afinal, por que tanto rancor é ódio no coração?
    Amaro Klautau, quando você conseguir pelo menos ganhar um turno no campeonato paraense, se arvore a publicar nota de protesto bem paga. Não vale título de Série D, nem de campeonato de celotex.

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    2. Caro Cássio, acabei informado por alguns amigos e leitores sobre a tal nota, por sinal (segundo dizem), pessimamente redigida, como é próprio do tal dirigente. Não duvido que o escriba baionense seja o alvo dessa ira tucana, até porque a coluna “Sobre as dívidas leoninas” obteve grande repercussão e certamente incomodou o idealizador dessa causa amalucada, que pretende desmanchar patrimônio construído ao longo de um século por dirigentes e abnegados do clube. Até os conselheiros, que tiveram a fuga de ideia de apoiar a iniciativa, já recuaram desse estrupício. Somente o dito cartola insiste no tosco projeto, que, se fosse concretizado, daria ao Remo uma “moderna arena” nos fundos de um cemitério em Marituba, para regalo de seus aliados. Quanto às insinuações em relação à Justiça, além da óbvia tentativa de intimidar uma voz discordante, há a aposta beócia na ingenuidade dos magistrados. Como bom tucano, deve imaginar que é possível calar seus críticos pela veia da intimidação. Se for comigo, não tem a menor chance. Estou pronto.

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  9. Como o asunto é política , lembro-me de Antonio Gramsci afirmando que ‘ o desafio é viver sem ilusões sem se tornar um desiludido ‘. A lembrança é proposital.

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  10. Quem não rí e porque não foi atingido direta ou indiretamente pela sanha da privatização implantada pelos Tucnos. Democracia é sim para atender o povão, e o Lula faz bem isto.

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