O pensamento vivo do João Sem Medo

Na curta (e definitiva) biografia de João Saldanha que escreveu, o escritor e jornalista João Máximo enfileira inúmeras e divertidíssimas histórias do cronista esportivo “que o Brasil consagrou”, como dizia Waldir Amaral, outra lenda. Abaixo, uma pequena coleção de frases no melhor estilo João Sem Medo, sobre pessoas e temas do seu tempo:

Armando Nogueira – Um idealista do futebol, um sonhador. Pensa que o futebol devia ser como ele pensa que é.

Geraldo Bretas – Maluco, mas inocente. A culpa é do diretor de televisão que deixa ele trabalhar lá.

Pelé – Um gênio do futebol.

Joel (quarto zagueiro do Santos) – Torce pelo bandido em filme de mocinho.

Flávio (então atacante do Fluminense) – Um jogador complexado. Perde o gol porque tem medo de perder o gol.

Cafuringa – Garoto inteligente. Quando ele fez o primeiro gol da vida dele, disse: ‘Agora só faltam 999’.

Perácio – O protótipo do jogador brasileiro. Confundia anestesia com anistia, mas jogava muito bem.

Vicente Feola – Um homem bom.

Jair Rosa Pinto – Conheço pouco. Um chute imprevisível, um jogador esperto e, dizem, o maior pão-duro do Rio de Janeiro.

Jânio Quadros – Fui colega dele no ginásio Paranaense. Já era maluco.

Ibrahim Sued – Fui muito amigo do Stanislaw Ponte Preta, que dizia: ‘O Ibrahim é a ignorância mais bem paga do país’.

Neném Prancha – O maior filósofo do futebol de areia.

Nelson Rodrigues – É meu amigo. Introvertido, tímido e capaz de escrever muito bem e muito mal sobre Papai Noel.

Jorge Cúri – Pão-duro, belíssima voz. Esteve a favor de todos os governos do Brasil.

João Havelange – Palavra de honra que ainda não consigo definir Havelange…

Mulher bonita – Mulher bonita é ótimo.

Mulher feia – Uma pena.

João Saldanha – Um cara que gosta de viver.

8 comentários em “O pensamento vivo do João Sem Medo

  1. Saldanha era um craque no jornalismo esportivo. Pra quem teve a oportunidade de ve-lo em acao, foi um privilegio. N tv, tinha um estilo impar e dizia as coisas com muita inteligencia. Nao e a toa que morreu trabalhando na Copa de 90. Pena que nao deixou um sucessor na cronica esportiva.

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    1. Jorge,
      Considero Saldanha nosso maior cronista de todos os tempos e, sem dúvida, não deixou herdeiros. Falava com desassombro e total conhecimento de causa. E quando assumiu a Seleção sabia exatamente o que fazer – e sem puxar saco dos milicos, como fez Zagallo.

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  2. Não poderia ter sido melhor o llocal para homenagear o velho João. Saldanha transportou para os comentários suas proprias experiencias. Escreveu sem pretender ser o melhor. Ele foi êle e as circunstancias dele. Homenagem justa. Só falta agora as homenagens do Partidao-velho-de guerra.

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