
Por Cosme Rímoli
No último instante.
No último minuto para a inscrição da chapa, eis que rojões anunciam o que todos já estavam cansados de saber. A novidade? Marcelo Teixeira candidato ao sexto mandato consecutivo no Santos. Ele é dono de rádio, televisão e faculdade. É milionário…
Sua maneira moderna de administração permite até empréstimos do próprio bolso ao clube. Empréstimos é empréstimo e ele sempre pegou de volta. No cinco mandatos sempre procurou entregar o futebol para um treinador fazer o que quisesse no departamento. Nunca quis discussões. Preferia delegar. Foi assim que Leão e Luxemburgo se revezaram, mandando em tudo.
Desde a contratação de jogadores, construção do CT, do hotel dentro do CT, da mudança da posição do banco de reservas na Vila Belmiro. O pré-candidato ao Senado por Tocantins, Luxemburgo, se coloca como principal cabo eleitoral de Teixeira. E aponta com grupos de investidores dispostos a gastar muito dinheiro com o time. Desde que o treinador seja ele e o presidente Marcelo. Se não forem os dois no comando, o Santos não interessa…
Quem reclama pela continuidade de Marcelo Teixeira não deve criticá-lo. O problema é de quem vota. E também os seus adversários. Nunca conseguiram se articular, convencer os eleitores. E sempre se defenderam acusando Marcelo de utilizar a máquina eleitoral e de tratar o Santos como o quintal de sua casa.
Profundamente religioso, várias vezes permitiu que pais de santo benzessem a Vila Belmiro antes de partidas importantes. As suas convicções religiosas sempre foram respeitadas até por ser presidente do Santos. Só que jogadores evangélicos nunca tiveram vida boa no clube. Pelo contrário. Ainda mais com Luxemburgo. O volante e pastor Roberto Brum, adorado pelos companheiros, que o diga.
Marcelo é filho do empresário Milton Teixeira, presidente uma vez e vice outras três. Mas mesmo vice era ele quem mandava. Ou seja: na prática já são nove mandatos dos Teixeira.
Nove mandatos da família. Nove.
Com o atual presidente, o clube foi campeão do Brasil, de São Paulo, vice da Libertadores. E também quase foi rebaixado. Outra vez ele é favorito à reeleição. O candidato de oposição, o sociólogo Luís Alvaro de Oliveira sabe que suas chances são reduzidas. E protesta, acusa Marcelo de comandar uma ditadura, de continuísmo…
Mas o Santos não é exceção. Com a conveniência das leis brasileiras, os estatutos dos clubes são manipulados para permitir reeleições até o infinito… Não por acaso, os dirigentes passam a acreditar que o clube é apenas mais uma de suas várias posses…