Coluna: Na idade da pedra lascada

Protagonistas de uma rivalidade que já existe há praticamente um século, Remo e Paissandu encontram-se outra vez na mesma velha encruzilhada. Buscam reconstruir seus times para a próxima temporada, sob o peso do olhar desconfiado do torcedor e fazendo um tremendo descomunal para garimpar bons nomes, sem ter o capital necessário para trazer os reforços ideais.

Repete-se a mesma história de sempre. Quase nada mudou desde que o profissionalismo apanhou os clubes paraenses de calças curtas, desorganizados, entregues a abnegados sem maior conhecimento do ramo. Mas, no passado, ainda havia a desculpa atenuante da desinformação quanto a métodos mais eficazes de gestão.

Hoje, com tanta facilidade de acesso a experiências bem-sucedidas, é imperdoável que dirigentes amadores continuem se arvorando a dirigir os destinos dos clubes. Comportam-se no dia-a-dia como torcedores de arquibancada, esgoelando-se pelo time de coração e naufragando (salvo exceções especialíssimas) nas ações administrativas.

Mais grave é o fato de que os abnegados tomam o espaço de gestores de verdade, que poderiam contribuir para o fim do obscurantismo no chamado esporte das multidões. De simples amistosos pelo interior até a projeção de faturamento em publicidade devem ser atribuições dos novos executivos, que ficariam incumbidos de evitar desgastes como este do confuso contrato do Paissandu com os cametaenses.

Defendo, há tempos, que os estatutos dos clubes sejam submetidos a adaptações práticas e modernizadoras. A partir da campanha, os candidatos já apresentariam sua equipe profissionalizada, encarregada de fazer a máquina andar e de desenvolver ações estratégicas. O poder político continuaria nas mãos dos dirigentes eleitos, mas a parte gerencial estará entregue a quem entende do riscado.

Providências simples, que permitiriam ao futebol do Pará transpor a fronteira entre o atraso e a evolução. Compreende-se que o torcedor olhe fixamente para o que se passa no campo de jogo, mas dirigentes precisam ir além. E o caminho da redenção passa necessariamente pela profissionalização dos administradores. 

 

O Palmeiras perdeu mais dois pontos preciosos em jogo sob medida para deslanchar, espantar a crise e reassumir a liderança com folga. Teve pela frente o Sport, lanterna do campeonato e virtualmente rebaixado. Só a vitória interessava. Apesar disso, o time voltou a ser dispersivo e apático, como vem acontecendo há seis rodadas. Como no Rio, o jogo de chutões para a área mostrou-se pouco eficiente. O Sport fez dois gols, podia ter feito mais dois ainda no primeiro tempo e o empate só aconteceu por acaso.  

Cada vez mais, o esquema bate-estaca de Muricy Ramalho dá sinais de esgotamento. O título ainda é possível, mas existem times melhores.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 12)

5 comentários em “Coluna: Na idade da pedra lascada

  1. Gérson, a explicação para a mediocridade de nossos cartolas é muito simples: a situação de total falência de Remo e Paysandu afasta os bons dirigentes. Só aceita esses “pepinos” quem busca projeção política ou é extremamente vaidoso. Veja o caso de LOP, que dirige o Paysandu de dentro de um navio, em algum lugar da Amazônia, situação ridícula e que seria imadmissível em outros tempos. Somente a total ausência de alternativas fez o bicolor aceitar a eleição do atual presidente.

    Como torcedor do Paysandu, posso dizer que nunca vi um presidente tão ruim quanto este LOP. O homem parece ter todos os defeitos. As bobagens que já cometeu à frente do clube são incontáveis. Quantas vezes já voltou atrás após ter vociferado cobras e lagartos? Sua administração é o caos absoluto. Está reforçando o Paysandu com atletas da série D e ninguém fala nada.

    O resultado é que, com suas péssimas adminsitrações, esses maus dirigentes perdem rapidamente a credibilidade, inviabilizando qualquer projeto do clube. Quem é louco de investir seu dinheiro em qualquer coisa que saia da cabeça de um tresloucado como LOP?

    Só alguns exemplos: onde anda a BWA? Esta empresa, cantada em prosa e verso, como algo que iria “revolucionar a venda de ingressos no Pará”, saiu pela porta dos fundos (depois descobriu-se que a intenção real dos clubes não era vender ingressos, mas EMPRESTAR dinheiro da BWA, para a qual eles devem até hoje). Invejoso, LOP se indispôs com a comissão de obras porque esta aumentou o patrimônio do clube. Agora, se indispõe também com Robgol, porque este ofertou um placar eletrônico ao Bicolor.

    Do outro lado da avenida, não é diferente.

    Não se pode esquecer também a tremenda vaidade que impera nos clubes hoje. Há muito ciuminho e inveja, interesses nebulosos e vontade de aparecer. Este é o quadro desolador do futebol paraense.

  2. Gerson, vc escreveu em muitos ”post” anteriores que o porco não tinha time para ser campeão…é a pura verdade…rsrs..

  3. Parabéns Gerson Nogueira, sua abordagem diz tudo e não deixa margens à dúvidas, concordo com tudo que ali está posto.
    Concordo também integralmente com o que escreveu o Cleiton, a cujo comentário quero resgatar um pequeno fragmento da novela da vida real do futebol paraense, é fato real e recente.
    Houve no futebol paraense, na década de 80, um Iluminado empresário, empreendedor para alguns, que assumiu a direção de um dos grandes (na época) de nossa capital, investiu alto no time, formou um super plantel, ganhou tudo naquela década, depois de tanto sucesso, pensando ele ter acumulado algum “prestígio” junto à torcida, tentou eleger-se deputado federal; ledo engano, ao não conseguir seu intento, suas empresas faliram, ele quebrou, foi à bancarrota.
    Mas a história não para aí, pois na década seguinte, o clube não conseguiu reeditar as glórias alcançadas sob o comando daqule dirigente ruim de urna, e eis que nesta década ressurge ele, novamente ele, o desprezado nas urnas, mas, com prestígio ainda na memória dos associados que o elegeram, já nesta década volto a frisar, para mais um mandato à frente do outrora grande; a espersança era imensa na recuperação daquele alquebrado felino, porém, o que se viu, a meu entendimento, foi pura vingança, o cara levou aquela instituição, ao fundo do poço onde está até hoje e em situação delicadíssima, pois não tem vaga em nenhuma divisão do futebol nacional. até aí tudo bem, pois eu sou torcedor do BICOLOR AMAZÔNICO, o que me deixa apreensivo nesse cenário é que os dois são siamêses, onde um está o outro não tarda, não demora a chegar, esse negócio de rivalidade só vale para nós torcedores, em se tratando de presidencia desses clubes, são todos farinha do mesmo saco; se considerarmos que o desastrado LOP, também pretende eleger-se deputado federal, então o caminho estará aberto, para o mesmo desastre acontecer nas nossas plagas, égua sumano! sai prá lá.
    Tomara que eu esteja errado.

  4. Èéééégua SUMANO, “NA IDADE DA PEDRA LASCADA” ???

    Conclui-se que é BEM JURÁSSICO o que ocorre no DIÁRIO.

    – Éééé… “… EU NASCI A 10.000 (DEZ MIL) ANOS ATRÁS E NÃO TEM NADA NESSE MUNDO QUE EU NÃO SAIBA DEMAIS… “.

    Valeu Raulzito ( o seu discurso pré-feito ).

    … rsrsrs …

    KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK !!!!!!!!!!

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