Por Marcos Guterman
Muito interessante o debate gerado pela determinação da Folha de S. Paulo de impedir que seus jornalistas utilizem as ferramentas da internet, como blogs e redes sociais, para dar “furos”, isto é, para antecipar informações exclusivas. Diz a direção da Folha que a prioridade desses jornalistas, que “representam a Folha”, deve ser sempre o jornal impresso, que lhes paga o salário e lhes garante o anteparo institucional e o prestígio para obter as informações necessárias para o “furo”. Mas será assim mesmo? É o que pergunta o blog de José Roberto de Toledo, ex-jornalista da Folha:
“Se um jornalista apura uma notícia exclusiva fora do seu horário de trabalho (se é que jornalista tem horário de trabalho no sentido convencional), essa notícia pertence a ele ou ao veículo onde trabalha? Teria sido possível ao jornalista obter esse ‘furo’ sem ter o respaldo institucional e o prestígio do veículo? Ao pagar um salário a um jornalista, o veículo é dono de toda a sua produção intelectual e pode dispor sobre sua veiculação?”
Eu acrescentaria uma quarta pergunta, que na verdade soa mais como constatação: ao limitar o trabalho dos jornalistas da casa na internet, a Folha (aqui entendida como qualquer jornal impresso) não estaria revelando a fragilidade do veículo diante das possibilidades da web? Os próprios políticos e os demais protagonistas públicos no Brasil e no mundo já perceberam que é possível estabelecer comunicação com a massa, por meio das redes sociais, sem precisar passar pelos jornalões. Como fazer com que os jornalões voltem a ser imprescindíveis? Não estaria na hora de alterar as prioridades de produção de notícias da mídia impressa, com vista a atender a uma demanda cada vez maior por informações consistentes e duradouras, ao invés de limitar o trabalho dos jornalistas na internet?
O problema, atualíssimo, diz respeito a questões de ética, consciência e direito autoral. Jornalista que é empregado de uma empresa de comunicação deve, em primeiro lugar, obrigação (e satisfações) a quem paga seu salário. Quando mantém blog hospedado no sítio da empresa, essa obrigação redobra. Mas a complexidade da situação envolve também a questão da propriedade de uma matéria de natureza exclusiva, como muito bem aborda Torero. A discussão vai longe. E confesso não ter, ainda, opinião formada a respeito.
É um tema bastante complicado e discutível, mas acho que o jornalista pode debater o furo com seu staf antes de publica-lo. Conversando é que se entende.
As regras precisam ser claras e objetivas, o que nao pode e’ escravizar ainda mais o Jornalista… que convenhamos recebe uma babinha muito fraca.
Gerson, como uma coisa puxa outra , vc leu isto aqui[http://www.elpais.com/articulo/sociedad/Rebelion/gratis/total/Red/elpepusoc/20090911elpepisoc_1/Tes]
Isto*
{http://www.elpais.com/articulo/sociedad/Rebelion/gratis/total/Red/elpepusoc/20090911elpepisoc_1/Tes}
Realmente, a matéria é complexa e como não tenho conhecimento da área, me considero incapaz de opinar. Mas eu creio que se o profissional é empregado de um “jornalão”, não acho justo ele passar por cima de quem lhe paga um salário para usufruir de seu talento e picardia. Se este profissional deseja obter os “louros” do furo, ele que se torne um free lancer e coniviva com a dor e as delícias de ser um autônomo. Mas isto é somente uma opinião de leigo.
GERSON, a sua CONCLUSÃO tocou em um PONTO NEVRÁLGICO.
A partir do MOMENTO em que você DECLARA que a 1ª OBRIGAÇÃO do JORNALISTA é com QUEM PAGA O SEU SALÁRIO, cria-se um certo IMBRÓGLIO no que diz respeito ao COMPROMISSO COM A VERDADE, já tão DECANTADA em todos os tempos pelos ÓRGÃOS DE IMPRENSA, principalmente através da PROPAGANDA e da PUBLICIDADE.
Penso que você GERSON, tenta nos ALERTAR para INTERPRETARMOS MELHOR tudo o que é OUVIDO, LIDO e VISTO, dando-nos a OPORTUNIDADE de usarmos nosso FILTRO COGNITIVO em SEPARARMOS o que está no CAMPO SURREALISTA (ESPECULAÇÕES, BOATOS, etc…) em CONTRAPONTO do que se pode considerar um CAMPO VERDADEIRO (PORTO SEGURO DA INFORMAÇÃO).
Seria isso ???