Sob descrença geral, o presidente do Paissandu, Luiz Omar Pinheiro, prega no deserto sua fé na contratação de Edmundo como reforço para as etapas finais da Série C. O dirigente foi ao Rio duas vezes com o objetivo declarado de fechar negócio com o jogador, que abandonou os campos e se diverte nos fins de semana disputando torneios de showbol.
A pergunta é: quanto o Paissandu lucraria com a aquisição de Edmundo para ser sua grande atração na disputa da Terceirona? O eventual lucro institucional compensaria o alto desembolso financeiro e os problemas extra-campo que sempre acompanham o Animal? São questões que, por enquanto, o clube prefere não responder publicamente.
Luiz Omar teria exposto um ambicioso projeto de marketing ao veterano jogador, que diz ter 35 anos – a imprensa do Rio fala em 38. O dirigente acredita em ações que beneficiariam o clube e garantiriam atraente compensação financeira ao jogador. Cálculos baseados nos ganhos de Edmundo em seus últimos clubes (Figueirense, Palmeiras e Vasco) permitem estimar seus salários em cerca de R$ 300 mil, quantia muito acima da faixa salarial praticada por clubes do Norte-Nordeste.
Para topar disputar a Série C, campeonato marcado pela pecha de abrigar refugos de grandes clubes e veteranos sem mercado, Edmundo certamente vai exigir um pouco mais. Por parte do Paissandu, já existiriam patrocinadores interessados em apoiar a ousada iniciativa, que se assemelha à arrojada contratação de Dario Peito de Aço nos anos 80, com excelentes resultados. Nos dias de hoje, a operação se inspira na espetacular tacada que levou Ronaldo ao Corinthians.
Ninguém duvida que o marketing gerado pela contratação de um ex-astro como Edmundo será extremamente benéfico para o clube. Tanto que o Paissandu conquistou até o apoio simbólico da Futebol Brasil Associados (FBA), entidade que representa os clubes da Série B nacional.
Por minha conta e risco, anotei cinco pontos positivos da eventual vinda de Edmundo para o Paissandu: 1 – Expor a marca do clube na mídia nacional;
2 – Reforçar tecnicamente, em termos, o time na reta final da Série C; 3 – Atrair grandes rendas para os jogos do Papão e incrementar as vendas de camisas do clube; 4 – Atrair o interesse de grandes patrocinadores; 5 – Levantar a bola e auto-estima do Pará no cenário nacional depois da traumática derrota na disputa pelas sub-sedes da Copa 2010.
Como nada é perfeito, existem pontos negativos no projeto: 1 – Salário hiperinflacionado para as raquíticas finanças do futebol local; 2 – Reforço técnico questionável, visto que o Animal está fora de forma e já não é nenhum filhote. Portanto, deve levar umas três semanas para adquirir condições de jogo; 3 – Dificuldades para driblar a conhecida aversão de Edmundo a cidades que distantes das praias (e noites) cariocas. 4 – As mordomias que o clube terá que conceder ao Animal, como o Figueirense fez há três anos (hotel cinco estrelas e nenhuma obrigação de participar dos treinos normais a que os demais atletas são submetidos). 5 – O trânsito de Belém, já tão caótico, pode levar o Animal a aumentar sua famigerada marca de destruição ao volante de automóveis.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 8)