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Pais e filhos

Do blog de Cosme Rímoli:

O efeito Bosco está influenciando pais de todo o Brasil. E  a provocando reação imediata dos empresários.

A divulgação que o pai de Kaká embolsou mais de R$ 17 milhões de comissão pela transação com o Real Madrid se espalhou. Ou seja, muitos pais de jovens jogadores decidiram tentar assumir as carreiras dos filhos.

E dispensar seus empresários.

Não é segredo para ninguém que, hoje em dia, sem empresário é quase impossível um garoto fazer um teste em qualquer clube grande. É como se fossem propriedade particulares. Destes empresários e dos dirigentes e técnicos da base. No Brasil todo.

Os presidentes, muito ocupados com as equipes profissionais, muitas vezes nem sabem disso. Ou fingem que não sabem. Acabou aquela singela ‘peneira’. De onde surgiram vários craques. Hoje só é levado a sério o garoto que é levado por empresário. Ele tem o direito de ficar um, dois meses sendo testado.

Os meninos comuns mal têm 15 minutos observados pelos auxiliares dos auxiliares nos testes. Isso quando conseguem fazer algum teste. Sem recomendação é quase impossível. Fora as inúmeras histórias das dispensas mal explicadas. Quando pais se revoltam com empresários e querem administrar a carreira dos próprios filhos.

Inclusive repassadas a este blog. Verdadeiras, mas sem a menor possibilidade de provar. E que, pela maldade do sistema, podem ser interpretadas como mera queixas de pais de filhos dispensados pelos clubes. O que está acontecendo é que os empresários sentiram o início da reação paterna. E radicalizaram para abortá-lo.

Usando seus contatos, grande parte dos jogadores que tentaram a independência estão sofrendo represálias. Perdendo posição de titulares nos seus clubes. Ficando fora sequer do grupo. Ou simplesmente, dispensados. As desculpas são muitas. E subjetivas.

Fica impossível processar alguém. Levar ao tribunal, se o treinador da categoria de base diz que o garoto passou a jogar mal e não serve mais. Temendo pelo futuro do filho, vários imitadores de Bosco estão voltando atrás. Essa guerra silenciosa nas categorias de base já está vencida há muito tempo pelos empresários. E sua ligações com os departamentos infantis e juvenis dos clubes.

A situação começa bem mais cedo do que se possa imaginar. Há garotos com oito, nove anos com empresários. Até Kaká teve Vagner Ribeiro por muitos anos. Independência, só quando o jogador tiver certeza que pode enfrentar essa sórdida rede. O que é impossível para qualquer pai de um menino hoje no Brasil.

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