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Dodô, o bom sonho bicolor

No começo, parecia puro disparate, talvez mais um factóide para agitar o noticiário que se arrasta morno às vésperas da Série C. Mas a diretoria do Paissandu se encarregou de confirmar na sexta-feira que o alvo de seu interesse é ninguém menos que Dodô, o artilheiro dos gols bonitos, ex-ídolo do Botafogo e de rápida passagem pelo Fluminense em 2008. 

Caso se confirme, será uma contratação bombástica, de alto impacto e capaz de causar um rebuliço nacional. Afinal, não é qualquer clube de Terceira Divisão no Brasil que dispõe bala na agulha para desembolsar R$ 200 mil mensais, no mínimo, pelos bons serviços de um centroavante.

Depois da confirmação dos contatos entre diretores do clube e representantes do jogador, surgiram as primeiras dúvidas. Dois problemas fundamentais separam o sonho da realidade. O primeiro: Dodô está suspenso e só poderá voltar a jogar a partir de 7 de novembro de 2009. O segundo: o patamar salarial do artilheiro, acima dos R$ 200 mil.

Pelo aspecto técnico, as pretensões bicolores se justificam plenamente. Aos 34 anos, Dodô ainda é um dos melhores atacantes brasileiros. Faz muitos gols, domina quase todos os fundamentos (só vacila nos cabeceios), tem bom passe e dribla com eficiência. Seria perfeito, não só para o Paissandu. É titular em qualquer equipe brasileira de ponta.

Só não está claro como o clube vai bancar aquela que seria a mais dispendiosa contratação já feita por um clube nortista. Ainda que se consiga equilíbrio financeiro para a empreitada, através de colaboradores abonados, será preciso avaliar o custo-benefício da iniciativa.

Contratar um astro como Dodô atrai mídia e patrocínios, mas a presença de um jogador tão caro suscita insatisfações internas. E aí o que poderia ser uma grande sacada pode se transformar num tremendo tiro no pé.

Ao mesmo tempo, cabe esclarecer que tudo o que foi dito até agora tem caráter especulativo, carecendo de confirmação. Por ora, a idéia de Dodô no Paissandu é pouco mais que um sonho. E sonhar sempre vale a pena. 

 

Só para lembrar o caso: Dodô foi pego em exame antidoping após a goleada do Botafogo sobre o Vasco, 4 a 0, pelo Brasileiro de 2007. A presença do estimulante fenproporex, substância proibida, foi detectada no atleta. Foi suspenso por 30 dias, mas, após dois novos testes, foi autorizado novamente a jogar no Brasil. Porém, a Fifa entrou no caso e o levou ao CAS, que impôs a punição de dois anos ao atacante.

A pena é válida até o dia 7 de novembro de 2009. Em janeiro, Dodô teve negado seu pedido de redução da pena de dois anos que sofreu por doping. Na ocasião, o Tribunal Federal da Suíça informou que a decisão da Corte Arbitral do Esporte (CAS) em suspender o jogador foi correta.

 

Sem Dodô, mas com peças entrosadas, o Paissandu recebe o Sampaio no Mangueirão, neste domingo, com chances de fazer bom saldo de gols logo na estréia. A escalação repete a base do Parazão e o favoritismo bicolor é indiscutível. O único propósito do representante maranhense, cheio de problemas, é apanhar de pouco. 

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 24/05)

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