Tribuna do torcedor

Olá, meu caro Gerson Nogueira.

Primeiramente lhe parabenizo pelo seu grande trabalho na crônica esportiva paraense. Mas o que me trouxe aqui foi para comentar dos assuntos que me preocupam e deveriam preocupar os nossos governantes e os organizadores de grandes eventos esportivos.

Afinal Belém já não é principiante nesses tipos de eventos, e portanto já deveria ter tomado medidas para reeducar o comportamento da torcida paraense.

No Grand Prix, realizado hoje, no Mangueirão, foi deprimente o comportamento da torcida  ao ficar arremessando aviãozinho de papel para dentro do estádio, causando aquela poluição visual que foi presenciada por quem esteve lá. Peças feitas com panfletos que foram distribuídos para orientar o público sobre o cronograma do evento.

Acho que um Estado que pleiteia ser uma das sub-sedes da Copa de 2014 deveria ter um torcedor com outro tipo de comportamento. Na minha visão, também o sistema de som do estádio foi falho nesse aspecto, pois deveria ter orientado a torcida para que esse tipo triste de manifestação não volte a acontecer.

O segundo comentário é sobre o acesso ao estádio. A entrada próxima à rodovia Augusto Montenegro era uma lama só. E isso já não é de hoje. No ano passado, pelo mesmo evento, a situação era igual. Um ano se passou e nada foi feito para melhorar o acesso.

Fica o comentário como uma crítica construtiva, no intuito de que alguma coisa seja feia nesse sentido, pois ainda há tempo de mudar esse panorama.

Um grande abraço.

Max Souza

Peixe atropela Flu no Maraca

O Santos surpreendeu o Fluminense de Parreira, aplicando uma goleada de 4 a 1, no Maracanã. Foi o resultado mais inesperado da terceira rodada da Série A, mas o Tricolor carioca já vinha vacilando há vários jogos, inclusive contra o Águia de Marabá. Fred, contratado a peso de ouro, ainda não disse a que veio. E o estilo excessivamente cauteloso (retranqueiro, melhor dizendo) de Parreira não ajuda nada.

Papão vence, mas leva sustos

Cheguei agora do jogo e digo, logo de cara, que o Paissandu abusou da sorte. Poderia ter sofrido um revés, em função da má atuação individual de alguns jogadores (Vélber, principalmente) e das falhas gritantes na cobertura da defesa. Mesmo com um time todo empenado, com peças novas e desentrosadas, o Sampaio deu um trabalhão e chegou a botar bola na trave, num chute forte de Almir.

Todos os problemas do Paissandu, ironicamente, começaram com o gol inesperado logo de saída – Zé Carlos, aos 50 segundos, complementando cobrança de escanteio. Com a vantagem no placar, o time deu uma relaxada e permitiu que o Sampaio chegasse com perigo, através de Almir e Jean Carlos, principalmente.

Na etapa final, Edson Gaúcho trocou Vélber por Balão, mas a falta de criatividade do Paissandu persistiu. O time teve muitas dificuldades na saída de bola e chegou a ser envolvido pelo Sampaio em diversos momentos.

Definitivamente, não foi nem sombra do Paissandu que atropelou o S. Raimundo nas finais do Parazão, há oito dias.

O Paissandu volta a jogar pela Série C no domingo (14), contra o Rio Branco, do Acre.

No estádio Rosenão, em Parauapebas, o Águia fez o dever de casa e bateu o Rio Branco por 1 a 0, com gol de Bruno Rangel. 

Os dois representantes paraenses lideram a classificação do grup A, com 3 pontos cada. O Luverdense ainda não estreou.

Dodô, o bom sonho bicolor

No começo, parecia puro disparate, talvez mais um factóide para agitar o noticiário que se arrasta morno às vésperas da Série C. Mas a diretoria do Paissandu se encarregou de confirmar na sexta-feira que o alvo de seu interesse é ninguém menos que Dodô, o artilheiro dos gols bonitos, ex-ídolo do Botafogo e de rápida passagem pelo Fluminense em 2008. 

Caso se confirme, será uma contratação bombástica, de alto impacto e capaz de causar um rebuliço nacional. Afinal, não é qualquer clube de Terceira Divisão no Brasil que dispõe bala na agulha para desembolsar R$ 200 mil mensais, no mínimo, pelos bons serviços de um centroavante.

Depois da confirmação dos contatos entre diretores do clube e representantes do jogador, surgiram as primeiras dúvidas. Dois problemas fundamentais separam o sonho da realidade. O primeiro: Dodô está suspenso e só poderá voltar a jogar a partir de 7 de novembro de 2009. O segundo: o patamar salarial do artilheiro, acima dos R$ 200 mil.

Pelo aspecto técnico, as pretensões bicolores se justificam plenamente. Aos 34 anos, Dodô ainda é um dos melhores atacantes brasileiros. Faz muitos gols, domina quase todos os fundamentos (só vacila nos cabeceios), tem bom passe e dribla com eficiência. Seria perfeito, não só para o Paissandu. É titular em qualquer equipe brasileira de ponta.

Só não está claro como o clube vai bancar aquela que seria a mais dispendiosa contratação já feita por um clube nortista. Ainda que se consiga equilíbrio financeiro para a empreitada, através de colaboradores abonados, será preciso avaliar o custo-benefício da iniciativa.

Contratar um astro como Dodô atrai mídia e patrocínios, mas a presença de um jogador tão caro suscita insatisfações internas. E aí o que poderia ser uma grande sacada pode se transformar num tremendo tiro no pé.

Ao mesmo tempo, cabe esclarecer que tudo o que foi dito até agora tem caráter especulativo, carecendo de confirmação. Por ora, a idéia de Dodô no Paissandu é pouco mais que um sonho. E sonhar sempre vale a pena. 

 

Só para lembrar o caso: Dodô foi pego em exame antidoping após a goleada do Botafogo sobre o Vasco, 4 a 0, pelo Brasileiro de 2007. A presença do estimulante fenproporex, substância proibida, foi detectada no atleta. Foi suspenso por 30 dias, mas, após dois novos testes, foi autorizado novamente a jogar no Brasil. Porém, a Fifa entrou no caso e o levou ao CAS, que impôs a punição de dois anos ao atacante.

A pena é válida até o dia 7 de novembro de 2009. Em janeiro, Dodô teve negado seu pedido de redução da pena de dois anos que sofreu por doping. Na ocasião, o Tribunal Federal da Suíça informou que a decisão da Corte Arbitral do Esporte (CAS) em suspender o jogador foi correta.

 

Sem Dodô, mas com peças entrosadas, o Paissandu recebe o Sampaio no Mangueirão, neste domingo, com chances de fazer bom saldo de gols logo na estréia. A escalação repete a base do Parazão e o favoritismo bicolor é indiscutível. O único propósito do representante maranhense, cheio de problemas, é apanhar de pouco. 

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 24/05)

A uma semana da decisão

Só para não esquecer de riscar na folhinha (se é que elas ainda existem), como fazia, religiosamente, meu saudoso pai-avô Juca, lá em Baião: dia 31, a essa altura do pagode, já saberemos quem levou a melhor na escolha das 12 sub-sedes da Copa do Mundo de 2014.

Ricardo Teixeira e um monte de gente, incluindo alguns senadores paraenses, torcem pelo triunfo de Manaus. Teixeira, obviamente, não precisa explicar a motivação de sua preferência. Mas os parlamentares papachibés estão agindo burramente, para variar, tratando a candidatura de Belém como querela político-partidária.

Os que pensam sabem que é bem mais que isso. Dessa decisão da Fifa, apropriadamente marcada para as Bahamas, vai emergir, com toda clareza, a verdadeira capital da Amazônia. É bom que todos os paraenses saibam disso, porque depois não adiantará sacar o lencinho do bolso.

O que realmente conta, ao fim e ao cabo, é o acervo de benefícios para a cidade. Depois que o  circo boleiro passa, o povo é que desfruta das benesses, na forma de serviços públicos e privados mais azeitados – transporte, hospitais, comunicações e hotelaria.

Foi o que aconteceu com todas as cidades que sediaram partidas da Copa desde que o futebol entrou na era dos mega-negócios, mais ou menos por volta de 1974, na Copa da Alemanha em que brilharam ases do nível de Franz Beckenbauer, Sepp Maier, Gerd Müller, Johan Cruyff, Neeskens e outros.

O volume de dinheiro despejado no evento por patrocinadores e governos tornou a competição ainda mais sedutora. O negócio é tão atraente que a África do Sul, mesmo aos trancos e barrancos, vai sediar a sua Copa, por puro capricho de Blatter. Vai dar prejuízo, estimam as consultorias mais respeitadas, mas isso não importa ao cartolão da Fifa. E deve importar menos ainda às cidades escolhidas, que jamais serão as mesmas depois dos jogos. Mudam sempre para melhor.

Com a Copa, Belém vai dar um salto de qualidade de vida e evolução urbana que só os descerebrados não percebem – ou fingem não perceber. É provável que a cidade não tenha jogos memoráveis para a torcida ver (talvez Croácia, Austrália ou algum país africano sejam escalados para jogar aqui), mas isso é o que menos importa. A herança é que conta.

Em tempo: Jader Barbalho, que foi o primeiro a tocar no assunto, logo depois da escolha do Brasil como país-sede, e Asdrúbal Bentes foram os políticos paraenses que se manifestaram publicamente em defesa da Copa em Belém.  

Animal na praia do showbol

O showbol é a nova praia do “animal” Edmundo, sonho de consumo da atual diretoria do Paissandu. Feliz da vida, participou de um amistoso (como se todos os jogos da categoria não fossem amistosos…) entre cariocas e paulistas, em Santa Catarina. O Rio venceu e Edmundo brilhou, atraindo aplausos da pequena galera presente.

Há dois meses, o Botafogo tentou contratá-lo, mas a vontade dos dirigentes esbarrou na firme resistência de Ney Franco. Em boa hora, o treinador preferiu manter a paz e a união no grupo a ter que conviver com o gênio destemperado de Edmundo.

É bom lembrar que foi no Botafogo que o jogador começou a carreira, mas, já indisciplinado, foi afastado antes de estrear nos profissionais.

O showbol, como se sabe, é o destino preferencial dos ex-jogadores saudosos da bola e dos afagos da torcida.

Machida derruba americano

O paraense adotivo Lyoto Machida, 30 anos, virou definitivamente um novo astro do vale-tudo na madrugada deste domingo. Em combate realizado em Las Vegas (EUA), ele derrotou o norte-americano Rashad Evans por nocaute no segundo assalto, aos 3 minutos e 57 segundos. Com isso, conquistou o cinturão dos meio-pesados do UFC, categoria mais importante do MMA. Como é normal no vale-tudo, o americano saiu inconsciente da luta enquanto Machida festejava o triunfo.

Vitórias são sempre importantes, entendo quem comemore, mas definitivamente não consigo apreciar a modalidade. Nem me animei a assistir o pega.

F-1: Button de ponta a ponta

O domínio de Jenson Button e da Brawn GP continuou no Grande Prêmio de Mônaco, e o inglês venceu de ponta a ponta para alcançar a sua quinta vitória em seis corridas. A equipe obteve também a segunda dobradinha consecutiva, pois Barrichello chegou em segundo. E a Ferrari, finalmente, mostrou sinais de recuperação e fez seu primeiro pódio na temporada, conquistando a terceira e a quarta posição, com Kimi Räikkönen à frente de Felipe Massa. Button abriu vantagem de 16 pontos sobre Barrichello.
O domínio de Jenson Button e da Brawn GP continuou no Grande Prêmio de Mônaco, e o inglês venceu de ponta a ponta para alcançar a sua quinta vitória em seis corridas. A equipe obteve também a segunda dobradinha consecutiva, pois Barrichello chegou em segundo. E a Ferrari, finalmente, mostrou sinais de recuperação e fez seu primeiro pódio na temporada, conquistando a terceira e a quarta posição, com Kimi Räikkönen à frente de Felipe Massa. Button abriu vantagem de 16 pontos sobre Barrichello.

GP teve bom índice técnico

Cerca de 30 mil pessoas compareceram ao estádio olímpico Edgar Proença neste domingo (24) para ver o 25º Grande Prêmio Brasil Caixa Governo do Pará de Atletismo. Foi a oitava edição do GP em Belém e a que teve melhor índice técnico.

Quatro provas tiveram suas melhores marcas de 2009, entre as quais a dos 100 metros rasos masculino e do salto em distância feminino. Maurren Maggi não conseguiu a medalha de ouro, mas Fabiano Peçanha e Fabiana Murer obtiveram seus melhores índices no ano. Um automóvel 0 km foi sorteado entre os torcedores.

O primeiro a fazer a melhor marca do ano foi o português Nélson Évora. Ele bateu os cubanos  Arnie David Girat e Yoandris Betanzos ao saltar 17m66cm. Depois, foi a vez do jamaicano Isa Phillips surpreender ao correr os 400m com barreiras em 48”36.

Já os 100 metros, a prova mais clássica do atletismo, viu Daniel Bailey, das Antilhas, cravar o tempo de 9”99, marca que nem seu companheiro de treinos, o jamaicano e recordista mundial Usain Bolt, conseguiu em 2009. Por fim, a norte-americana Britney Reese conseguiu a fantástica distância de 7m06 e deixou para trás as brasileiras Keila da Silva Costa e Maurren Maggi, segunda e terceira, respectivamente.

Sobre a arte de (bem) escrever

Costas europeias

Reginaldo Leme

Zebras acontecem em Mônaco. É nisso que acreditam também os ferraristas, que compõem a maioria da torcida deste lugar de 33 mil habitantes, dos quais apenas cinco mil são monegascos

Viajar de carro na Europa é um ótimo programa. Quem já fez, sabe bem disso. Para quem não fez, o meu conselho é um bom roteiro, um bom carro e tempo de sobra, pra poder parar onde der vontade. Só não pode ser em alta temporada para não correr o risco de não encontrar vaga em hotel algum, especialmente se o seu roteiro for pelas praias. Foi o que fiz nesta última semana, saindo de Barcelona para chegar a Mônaco. De auto-estrada pode ser feito num tiro só, de 800 quilômetros. Mas a graça da brincadeira é viajar pelas estradas costeiras. Da espanhola Costa Brava e da francesa Côte d’Azur. Especialmente na parte espanhola, algumas estradas são propositadamente bem rústicas para não interferir na natureza. Caminhos estreitos em serras íngremes, com uma cerca de madeira de 50 centímetros, apenas o suficiente para se saber onde termina o asfalto e começa a encosta da montanha.

Já na costa francesa, um pit stop para uma boa cerveja no porto de Cassis, que foi minha base durante nove anos nos GPs da França de 1982 a 1990, quando era disputado no agradável circuito de Paul Ricard. Dali em diante, La Ciotat, Bandol, Toulon, Hyeres, cidades e vilas da chamada Costa Provençal até entrar na Côte d’Azur e estacionar em St. Tropez por uns dias. O duro foi sair de lá. Mas já estava chegando o momento de eu estar em Mônaco e a passagem por St. Maxime, San Raphael, Cannes e Nice foi só pra matar saudades. Cannes agitada ao extremo em pleno Festival de Cinema, 62ª edição, sempre coincidindo com o GP de Mônaco, este criado bem antes, em 1929, quando ainda não existiam nem a F1 nem o Campeonato Mundial.
Mônaco é a base de muitos pilotos de F1, por questões geográficas e financeiras. A localização é boa para quem viaja muito e o imposto de renda é pago mediante um contrato negociado com o Governo. Entre os não residentes, o primeiro que vi chegar foi Lewis Hamilton, que também cogitou morar em Mônaco, mas acabou preferindo a Suiça, aconselhado por Michael Schumacher, que trocou o Principado pela calma vila suíça de Crans oito anos atrás. Hamilton vê a chance de repetir a vitória do ano passado como uma zebra. Mas zebras acontecem em Mônaco. É nisso que acreditam também os ferraristas, que compõem a maioria da torcida deste lugar de 33 mil habitantes, dos quais apenas cinco mil são monegascos. A aposta de Hamilton é no compatriota Button, que, em dez anos de F1, só uma vez chegou ao pódio de Mônaco (segundo em 2004). Barrichello, aniversariante de amanhã, já esteve mais perto da vitória (segundo lugar em 1997, 2000 e 2001). A chance de um novo vencedor é grande. Entre os que já ganharam aqui, Alonso, Hamilton e Raikkonen não andam bem no campeonato. Jarno Trulli, que teve aqui sua única vitória (2004), está um pouco melhor.

(Do site Grande Prêmio/iG)