Que presepada foi aquela?

O Flamengo é tri, a poeira da decisão já está baixando e dá para fazer a pergunta que ficou no ar, domingo, na hora da cobrança dos pênaltis.

Que diabos fazia Kleber Leite no meio do gramado, conversando com jogadores como se fosse um psicólogo de plantão?

As normas da Fifa proíbem terminantemente esse tipo de presepada.

Dirigente, quando muito, pode ficar sentadinho no banco de reservas. O ideal é que nem fique.

Os locutores e repórteres da emissora que transmitia a partida ficaram claramente embaraçados em tocar no melindroso tema.

Ainda falaram (timidamente) de outro abuso, a permanência em campo de Fábio Luciano, que havia sido expulso minutos antes. Mas, sobre o cartolão rubro-negro, silêncio absoluto.

Mas, como se sabe, o Brasil sempre supera o Brasil.

Paredão azulino no Águia

Informação quente, saída do forno de notícias do irrequieto repórter Hiroshi Bogéa, que estará amanhã em sua coluna do DIÁRIO:

O goleiro Adriano, ex-Remo, acaba de assinar contrato com o Águia para a disputa do Brasileiro da Série C.

Excelente aquisição. Adriano é o melhor goleiro em atividade no Pará. Há, pelo menos, três temporadas.

João Galvão finalmente terá um grande arqueiro guarnecendo a meta do Azulão marabaense.

Truculência olímpica

Em nota assinada por Júlio César Mesquita, vice-presidente e responsável pelo Comitê de Liberdade de Expressão, a Associação Nacional de Jornais – ANJ condena a truculência praticada contra o repórter fotográfico de O Estado de S.Paulo que tratava de acompanhar a comitiva do Comitê Olímpico Internacional (COI), no último sábado (02/5), durante uma das etapas finais da vistoria ao Rio de Janeiro, com vistas à escolha da sede das Olimpíadas de 2016.

Apesar de ter-se identificado como profissional de imprensa, o repórter fotográfico foi impedido de acompanhar a comitiva, empurrado para um banheiro, teve seu braço torcido e o rosto mantido junto ao azulejo, além de ameaçado caso o incidente fosse publicado.

Em hipótese alguma a preocupação de transmitir uma imagem positiva da cidade e do país justifica o comportamento dos “seguranças” (à paisana, que se diziam policiais, mas em momento algum se identificaram) que se comportaram como esbirros de regimes ditatoriais.

“A ANJ considera inadmissível que jornalistas no exercício de sua atividade de informar a opinião pública sejam alvo deste tipo de arbitrariedade. Diante do ocorrido, espera que as autoridades, além apurar devidamente o ocorrido, tomem as providências cabíveis para evitar sua repetição”, diz a nota.

 

Fico imaginando como esses brucutus irão agir quando estiver acontecendo uma competição internacional – Olimpíadas ou Copa de 2014.

Pena que a nossa Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), cada vez mais silente, não dê um pio sobre o assunto.

A voz da arquibancada

Do alviceleste Marco Almeida, sobre a esdrúxula marcação do jogo final para sábado. 

Gerson,

Gostaria que soubesse que concordo com você sobre o jogo (final) Paissandu x São Raimundo no sábado.

Além de todos os motivos que você já comentou, gostaria que acrescentasse o seguinte: sábado é o dia estadual do “futebol pelada” (aqueles times de bairros que se enfrentam aos sábados à tarde), que não são poucos, a maioria composta por homens e acompanhados de esposas, filhos e que se divertem aos sábados à tarde. E temos vários times em Belém: ABC (meu time), Mapuera, América da passagem Vitória, Vila Teta, Sequizer, Bola Samba, Kanxa, Mengov etc. E você, como excelente entendedor de futebol, sabe que nossos times não estão com toda essa bola pra nos tirarem de nossa diversão (para muitos, a única) do sábado à tarde.

Agora multiplique esses times e mais os outros por aproximadamente 30 pessoas (cada time reúne essa quantidade de pessoas por sábado) e verão quantas pessoas não irão ao estádio no sábado.

E já que estão falando no sábado e as pessoas que vão comprar o presente das mães, tendo que trabalhar no sábado pela manhã? Só ficam com o sábado à tarde para as compras.

Então, perderemos muitos torcedores no sábado à tarde (inclusive eu e meus três irmãos) que irão para a sua pelada obrigatória no sábado.

Não que eu não seja apaixonado pelo meu clube, muito pelo contrário, mas, cá pra nós, nossos times não estão com essa bola toda, não é? E domingo é domingo.

 

Esse é outro forte motivo para temer pela programação de sábado.

O Dia das Mães nunca foi motivo para mudança de data no futebol.

Isso é invenção de quem não manja do assunto. O pior é que quem vai perder com isso é o Paissandu, que não terá a festa que o título estadual justifica.

Mundico não entrou em campo

O S. Raimundo saiu no lucro.

Podia ter levado mais gols, só no primeiro tempo – Balão perdeu o mais fácil de todos.

No segundo, o Paissandu também perdeu chances.

Foi uma vitória acachapante, rara em finais de campeonato.

Além do já citado torniquete tático aplicado por Edson Gaúcho em Valter Lima, existem outros pontos a considerar.

O time do Paissandu estava ligado na tomada e o Mundico parecia com o pé no freio.

Os bicolores tinham pressa, os santarenos abusavam da lentidão.

Entrou cheio de cerimônias e mesuras – justamente o time menos cerimonioso do campeonato.

A escalação de Michel, abatido pela perda familiar, foi temerária e pode ter ajudado a afundar a equipe santarena.

Em campo, o jovem meia-atacante, destaque do Parazão, não foi nem sombra do jogador dinâmico e decisivo de outras jornadas.

Lá atrás, o experiente Labilá, que havia fechado o gol tantas vezes neste campeonato, nunca falhou tanto.

A saída destrambelhada, à Higuita, no lance do primeiro gol, mostrou que o goleiro estava fora dos eixos.

O meio-campo do S. Raimundo, sempre tão afinado, não conseguiu encaixar uma jogada mais trabalhada.

O time de melhor passe do campeonato não teve sequencia de jogadas – por mérito da forte e inteligente marcação montada por Gaúcho.  

Como a cabeça parecia longe e o pé não achava a bola, o S. Raimundo perdeu o prumo. E entregou o campeonato logo no primeiro jogo.

Que sirva de lição para o futuro.

Baile e conquista antecipada

Times grandes precisam se comportar como tal, seja qual for o adversário. Mais ainda contra equipes emergentes de menor tradição. Não se trata de soberba. É questão de respeito. O Paissandu, ontem, diante do S. Raimundo, agiu como um dos grandes de Belém, não permitindo a menor chance ao surpreendente esquadrão de Valter Lima.

Foi a segunda vez que o Paissandu tomou essa atitude, de forma clara e insofismável, neste campeonato. No primeiro turno, despachou o Castanhal com um 6 a 4 igualmente categórico, depois de um começo arrasador. Na ocasião, o deslize ficou por conta de certa acomodação no segundo tempo. A lição parece ter sido aprendida.

O Paissandu fez 4 a 0 no primeiro tempo, jogando de forma arrasadora, com ataques em profusão, exploração do jogo pelas pontas e chutes de média e longa distância. Acima de tudo, Edson Gaúcho acertou ao posicionar seu meio-campo de maneira adiantada, marcando o S. Raimundo em seu próprio campo.

Na segunda etapa, temendo a natural queda de produção do time, deu chance aos garotos Alax e Tetê, que se encarregaram de manter a pegada ofensiva. Gaúcho foi o primeiro a experimentar essa tática ousada contra Valter Lima. Deu certo. Acuado na defesa, o time santareno vacilou justamente no que tinha de mais precioso: o acerto nos passes.

Em função da pressão bicolor, os armadores (principalmente Michel) tiveram que ficar próximos demais aos volantes e zagueiros. Tanta concentração de jogadores não ajudava. Pelo contrário: criou um tumulto à entrada da área e facilitou a chegada do Paissandu. E haja passe errado. Talvez tenha sido o jogo com pior aproveitamento de passes pelo S. Raimundo em toda a competição.

Basta observar os gols do Paissandu no primeiro tempo. Nasceram de jogadas iniciadas e perdidas pelo S. Raimundo em sua área de defesa. Curiosamente, todos os lances mostram uma grande quantidade de defensores. O problema é que estavam dispersos, sem saber a quem marcar e sempre deixando alguém livre.

Quando se ressalta o nó tático de Edson Gaúcho é importante não esquecer a bela atuação coletiva do Paissandu. Quase todos os setores estiveram impecáveis, com os jogadores rendendo acima do esperado para uma equipe que havia parado por 20 dias. Individualmente, os melhores foram Zeziel, Dadá e Aldivan, mas os demais também renderam satisfatoriamente numa exibição de gala para a pequena torcida presente.

Não por acaso, ao analisar o baile de que foi vítima, Valter Lima admitiu que o Paissandu atuou como campeão e o S. Raimundo limitou-se ao papel de figurante. Perfeita definição. O título está em boas mãos.

 

Desta vez, Emerson não fez gol e o Flamengo mereceu plenamente a conquista. Ao contrário de 2007 e 2008, quando a arbitragem pesou, desta vez a bola rolou sem interferências. O Botafogo teve até pênalti a favor (o que é sempre um acontecimento), mas perdeu, com Victor Simões. Depois da empolgante reação, empatou (podia ter virado) e levou a decisão para os penais. E aí deu Cuca, com justiça. Futebol é técnica, equilíbrio e sorte.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO, nesta segunda-feira, 04/05)