Vêm à tona, com certo atraso, detalhes do tal ofício circular da CBF para as federações estaduais definindo os critérios e procedimentos para indicação de representantes à recém-criada Série D, de futuro incerto e não sabido. O documento data de 18 de julho do ano passado e leva a assinatura de Virgílio Elísio da Costa Neto, diretor de Competições.
O comunicado diz que todos os Estados terão direito a uma vaga, sendo que os nove primeiros segundo o ranking nacional das federações (a do Pará é a 11ª colocada) terão direito a um segundo representante e os quatro primeiros poderão indicar três clubes disputantes.
Virgílio Elísio dá também a notícia de que todos os clubes participantes terão que arcar com a própria despesa de transporte e hospedagem, o que dá à CBF apenas a honra discutível de ter idealizado mais uma competição deficitária. E antecipa os critérios para a competição de 2010, levando em consideração que a Série D sobreviverá a 2009, hipótese improvável.
Ciente da proposta de grego para os tais convites, o ofício esclarece que os clubes que não estiverem interessados, por falta de grana para bancar a participação, devem comunicar a desistência às suas federações.
Quase ao final, Virgílio Elísio orienta como deve ser feita a escolha de representantes. “Nos Estados onde só houver um participante, a vaga será necessariamente oriunda do campeonato estadual do ano da competição (ou do ano anterior, a critério da federação)”.
É justamente aí que o bicho pega. A FPF, sem consulta aberta a todos os interessados (os clubes participantes da primeira divisão paraense), decidiu estabelecer como critério a escolha de representante pela classificação no campeonato de 2009, o que contraria frontalmente o bom senso. Pela tradição, retrospecto em competições nacionais e força da torcida, a indicação natural para o primeiro campeonato da Série D seria o Remo, como campeão de 2008 e 26º classificado no ranking da própria CBF.
Não haveria problema nem sequer junto aos demais participantes, tal a coerência do critério. Apesar disso, prevaleceu o critério de pôr a vaga em disputa no Parazão deste ano, por razões não muito claras. Mas, muito pior que a atitude unilateral da FPF, que historicamente nunca deu muita bola para os destinos da dupla Re-Pa (a não ser quanto à bilheteria), foi a omissão dos dirigentes do Remo, que deveriam ter reivindicado a indicação, por legítimo direito. Agora, ante o leite derramado no Tapajós, não cabe choro, nem vela. O futebol, como a vida, não perdoa os néscios.
O diretor da FPF, Paulo Romano, em atenciosa nota, esclarece sobre os locais da decisão da Taça Açaí. “O São Raimundo jogaria o primeiro jogo em Santarém e o jogo de volta em Belém, no Mangueirão, porém foi apenado pelo TJD com perda de um mando de campo e mais R$ 10.000,00 de multa. Portanto, esse primeiro jogo foi transferido para Belém, pois do contrário seria jogado no Barbalhão em Santarém”. Acrescenta ainda que “o mando de jogo das partidas finais do Paraense 2009 pertence à FPF”. Segundo ele, essa história pontuação geral não é levada em consideração pois os dois times iniciam a decisão em igualdade de condições, diferente das decisões de turno em que um clube levava a vantagem.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO, desta sexta-feira, 01/05)
Curtir isso:
Curtir Carregando...