Por Gerson Nogueira
Depois de três anos, Remo e Paissandu voltam a disputar uma decisão no Pará. É do turno, como em 2010, mas é significativo para o reerguimento do campeonato estadual. Só com os dois rivais fortalecidos há possibilidade de redenção do futebol paraense. Os dois times, depois de tanto tempo, chegam a uma final com méritos. Um ponto é a diferença entre ambos lá no topo da tabela, o que dá a dimensão do equilíbrio reinante.
O desfecho das seminais atesta a superioridade da velha dupla de rivais em relação aos demais times. São estilos diferentes de jogar. Mas, cada um à sua maneira, os times são competitivos e têm a confiança de seus torcedores. Fazia tempo que não se via algo parecido.
No sábado, apesar da chuva, mais de seis mil pagantes presenciaram a atuação tranquila e superior do Paissandu sobre o São Francisco. Em menos de 10 minutos de bola rolando, o placar já apontava 3 a 0. Aos 20, a goleada estava definida. E o árbitro ainda anulou um gol absolutamente legal de Rafael Oliveira. No final, 6 a 1. Mas, sem favor nenhum, podia ter chegado a 10, caso o time forçasse mais.
O segundo tempo já encontrou um Paissandu mais relaxado, quase em ritmo de treino, controlando as ações, sem pressa. Nem havia razão para isso. Ainda assim, várias chances surgiram. O São Francisco, que já entrou derrotado, em nenhum momento se encontrou em campo. Parecia um time reunido às pressas antes do jogo. Sua defesa tremia diante de qualquer investida alviceleste.
Rafael Oliveira, João Neto, Eduardo Ramos, Djalma e Billy foram os donos da noite, atuando de maneira quase perfeita e em completa sintonia. A goleada não se deveu exclusivamente às barbeiragens santarenas, mas teve a ver com o empenho, a rapidez e a categoria dos jogadores citados. O jogo estava fácil, mas eles fizeram com que o Paissandu fosse merecedor das facilidades, sacramentando a passagem à decisão do primeiro turno.
Ontem, no Mangueirão, em situação completamente diferente, o Remo ultrapassou um adversário esforçado e consciente de suas forças. Depois da grande atuação em Paragominas no meio da semana, o PFC ganhou confiança para enfrentar os azulinos de igual para igual em Belém.
Foi, de fato, um confronto parelho e indefinido até a metade do segundo tempo. Até então, o Remo era superior, atacava o tempo todo, mas não acertava nas finalizações. O placar de 0 a 0 dava à partida um quê de suspense, pois o PFC dependia de apenas um gol para ir à final. Apesar disso, o time de Charles Guerreiro e Aleílson parecia travado do meio para frente. Pressionado demais na defesa, não tinha ânimo ou criatividade para atacar.
Na verdade, se Charles deu um nó tático em Flávio Araújo no primeiro jogo, desta vez recebeu o troco de forma categórica. Com Jonathan e Gerônimo como volantes, o Remo ganhou em qualidade de passe. Tiago Galhardo também se beneficiou, pois passou a ter com quem dialogar na meia cancha. Fábio Paulista também cresceu com o retorno de Berg à ala esquerda.
Acima de tudo, a defesa recuperou a solidez com o trabalho dos meio-campistas. Sinal óbvio da boa atuação foi a timidez ofensiva do PFC, que foi dar seu primeiro chute a gol (para fora) aos 44 minutos da primeira etapa. Aleílson, um dos destaques do campeonato, não encontrou brechas para finalizar.
Ao contrário das últimas partidas, raramente se viu o Remo apelando para a ligação direta como tática de jogo. O time saía tocando a bola, buscando envolver o adversário com velocidade, mas sem afobação. Foi a melhor apresentação da equipe em toda a competição. Merecia bem mais que os 2 a 0, mas os gols de Val Barreto e Fábio Paulista foram suficientes para entusiasmar os quase 12 mil torcedores que compareceram ao Mangueirão.
Como se vê, vitórias indiscutíveis que fazem da decisão entre Re-Pa acima de tudo um coroamento justo das duas campanhas. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)
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Um Boca papachibé no Tenoné
Ao participar do programa Meio de Campo, ontem, na TV Cultura, tomei conhecimento do belo projeto desenvolvido pelo Boca Juniors do Tenoné, que há 11 anos dá oportunidades aos meninos daquela área da cidade. Maílson, o diretor do clube, informou que o Boca papachibé trabalha com as categorias sub-13, sub-15 e sub-17. Sem apoio oficial ou patrocínio de empresas.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 18)