Por José Inácio Werneck
George Bernard Shaw disse que a Inglaterra e os Estados Unidos são países separados pela mesma língua. Os costumes geraram expressões idiomáticas bastante diferentes, como acontece no português de Portugal e no do Brasil. Em matéria de esportes, há também grandes disparidades. Os americanos jogam o que eles chamam de futebol, mas que o resto do mundo conhece como Futebol Americano. Os ingleses jogam o que chamamos de futebol, mas que os americanos insistem em dizer que é soccer.
Seja o que for, o futebol é imensamente popular na Inglaterra, que tem em sua Premiership a Liga que os habitantes do país consideram a mais rica e importante do mundo. E o futebol (estou falando no nosso, o da bola redonda) é ainda apenas o quinto esporte em popularidade nos Estados Unidos, perdendo para o beisebol, o futebol americano, o basquete e o hóquei no gelo.
Financeiramente, a diferença é gigantesca, se bem que não totalmente favorável para os ingleses. Acontece que a orgulhosa Premiership anda com suas finanças abaladas e muitos observadores afirmam que não poderá se aguentar por muito tempo, se medidas drásticas não forem adotadas. Ao todo, os 20 clubes que compõem a Premiership devem um total de 5,3 bilhões de dólares, o que vem a ser uma dívida maior do que a de todos os mais de 700 outros clubes filiados à UEFA.
O maior devedor é o Chelsea, que deve um bilhão e 130 milhões de dólares a seu proprietário, o russo Roman Abramovich. O Manchester United deve 750 milhões de dólares a bancos. O Arsenal deve 305 milhões de dólares, embora no segundo semestre do ano passado tenha conseguido lucro em suas operações. A Major League Soccer, dos Estados Unidos, é muito mais modesta, se bem que agora esteja pela primeira vez ameaçada por uma greve de seus jogadores. Há um ou dois que ganham fortunas, como David Beckham (graças a contratos de publicidade). Mas um jogador considerado de nível médio nos Estados Unidos leva para casa apenas cem mil dólares por ano, em salários. E um terço dos jogadores não chega a ganhar 70 mil dólares anuais.
O pior é que, ao contrário do que se passa no resto do mundo e no resto dos outros esportes americanos, os jogadores da Major League Soccer não têm direito a passe livre (free agency) ao fim de seus contratos. Há ainda uma peculiaridade: os contratos pertencem, ao menos tecnicamente, à Major League Soccer, não aos clubes. Esta foi a maneira que os fundadores da Major League Soccer encontraram para manter um teto salarial de 2,3 milhões de dólares por clube, anualmente. Alguns dos times ainda operam no vermelho, mas a Liga vai iniciar em breve (se não houver greve) sua 15ª. temporada. Um clube novo se juntará este ano, o Philadelphia Union, e para 2011 teremos a estréia do Portland Timbers e do Vancouver Whitecaps.
Ao todo, deveremos ter no próximo ano 18 clubes. Já a Premiership está arriscada a descer para 19, pois o Portsmouth se encontra em regime de curadoria financeira (deve 119 milhões de dólares) e poderá ser liquidado. (Da ESPN)